terça-feira, 31 de agosto de 2010

1º acampamento de Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná




Convidamos vocês a participarem das atividades do 1º acampamento de Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná que será em Curitiba/Pr nos dias 01 e 02 de Setembro e da Caminhada "Essa Pátria TAMBÉM é Nossa!", que será no dia 02/09 saindo as 11:00 hs da Praça Nossa Senhora da Salete/Centro Civico de Curitiba


A PARTICIPAÇÃO NA CAMINHADA É FUNDAMENTAL PRA FORTALECER NOSSA IMAGEM, POR ISSO CONTAMOS COM A PARTICIPAÇÃO DE VOCES.

POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS DO PARANA ACAMPAM EM CURITIBA PEDINDO CRIAÇÃO DE LEI ESTADUAL QUE OS PROTEJA.

Você sabe quem são? Onde estão? Como vivem? Quais as principais dificuldades? Qual a realidade vivida pelos “povos e comunidades” tradicionais do Paraná?

Na região Sul, especialmente no Paraná e Santa Catarina, a invisibilidade social é uma das principais características dos povos e comunidades tradicionais. Até pouco tempo atrás, a inexistência de estatísticas e censos oficiais fez com que estes grupos elaborassem seus levantamentos preliminares numa tentativa de afirmarem sua existência coletiva em meio a tensões, disputas e pressões que ameaçam seus diretos étnicos e coletivos garantidos pela Constituição Federal de 1988 e, diversos outros dispositivos jurídicos infraconstitucionais.

Hoje, no Paraná existem cerca de 10 movimentos sociais de povos e comunidades tradicionais, são eles: os povos indígenas das etnias Guarani, Xetá e Kaigang, os Quilombolas, as Comunidades de Terreiro (Religiões de Matriz Africana), os Faxinalenses, os Ilhéus do Rio Paraná, os Pescadores e Pescadoras Artesanais, as Cipozeiras e Cipozeiros, os Portadores de Ofícios Tradicionais e os Ciganos, juntos formamos a Rede Puxirão de Povos e Comunidades Tradicionais.
Nos dias 01 e 02 de setembro de 2010, estes povos e comunidades estarão realizando o 1º Acampamento dos Povos e Comunidades Tradicionais do Paraná, como o tema “Esta Pátria TAMBÉM é nossa!”, uma alusão à invisibilidade e desproteção na qual estes povos vivem, sendo expulso de suas terras, tendo seus direitos básicos não garantidos e perdendo aos poucos suas identidades culturais, num processo eminente de exclusão e desaparecimento. O objetivo da manifestação é dar visibilidade a estes povos e pedir a criação de uma Lei Estadual que garanta seus direitos.

O Acampamento será montado na Praça Nossa Senhora do Sallete, em frente ao prédio da Assembléia Legislativa do Estado, e terá como programação a conversa com candidatos ao governo do estado, audiência com o governador, visita da Comissão Nacional de Povos Tradicionais e Caminhada pelo centro de Curitiba, com representações de todos os povos e comunidades tradicionais do Paraná.


PROGRAMAÇÃO:


DIA 01 DE SETEMBRO

14HRS – MONTAGEM DO ACAMPAMENTO

15H00 – ASSEMBLEIA

17HRS – COLETIVA DE IMPRENSA

18HRS – A CONVERSA COM OS CANDIDATOS.

20HRS – JANTA


DIA 02 DE SETEMBRO

06H00 – CONCENTRAÇÃO

08H00 – FALA DA COMISSAO NACIONAL

11H00 – CAMINHADA

13H30 – ALMOÇO

14H30 – AUDIENCIA COM GOVERNADOR

17H00 – RETORNO


Contamos com a presença e participação de todos!


Taísa Lewitzki

Secretária Executiva

REDE PUXIRÃO DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS

Rua Alexandre Pavelski, 603 - Alto da Glória

Irati - Pr / CEP 84500-000

Fone/fax: (42)9113 0329 / 99408565 / 3422 6579


domingo, 29 de agosto de 2010

Belo Monte. ‘Lula será lembrado como o presidente que acabou com os povos indígenas do Xingu’. Entrevista com Dom Erwin Kräutler

“Os índios criaram uma nova visão sobre a própria vida, deixaram uma síndrome de autoflagelação e complexo de inferioridade e recuperaram o orgulho de pertencer àquele povo.” O pensamento é do bispo de Altamira, no Xingu, Dom Erwin Kräutler, uma das principais vozes a favor dos povos indígenas na América Latina. Em entrevista concedida à IHU On-Line, concedida pessoalmente, ele falou sobre a reafirmação da identidade indígena. “Eles, que eram sempre pisados, ergueram a cabeça e reconheceram que são filhos dessa terra e ninguém pode tirar isso deles.”
O bispo de Altamira (Pará), nascido na Áustria, chegou ao Brasil na década de 1960 e logo abraçou a causa dos indígenas. Na última semana, ele esteve na Unisinos para um ciclo de palestras. Dom Erwin é presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

IHU On-Line – Como é a atuação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Brasil, atualmente?
Dom Erwin Kräutler
O Cimi foi fundado em 1972 por iniciativas de bispos que tinham povos indígenas em suas áreas eclesiásticas. Chegaram à conclusão de que a atividade pastoral junto a eles precisava ser assumida, ao invés de cada religioso fazer as coisas por sua conta. Temos de ter linhas, diretrizes e prioridades comuns. Naquela época, o Estado também tomou iniciativas, através do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que não agradava sempre à Igreja. Hoje, basicamente, o Cimi tem duas finalidades: uma delas é a presença real. Estamos no meio dos indígenas, no lugar onde acontece a história desse povo, através dos nossos missionários.
O segundo ponto é a sensibilização da sociedade brasileira, que tem uma vertente no aspecto internacional. Não estamos apenas nos restringindo à causa indígena dentro do Brasil, mas na América Latina e no mundo inteiro. Entendemos que os povos indígenas do Brasil são irmãos dos índios de toda a Terra, que têm os direitos garantidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Veiculamos informações para o mundo inteiro. Normalmente o contato é feito com a imprensa alternativa, embora, volta e meia, apareça algum fato relacionado aos povos indígenas na grande mídia.

IHU On-Line – E entre as prioridades do Cimi está a violência contra os índios…
Dom Erwin Kräutler
É o principal assunto. Estamos lutando contra a violência, mas é preciso perguntar o que há por trás dela. Não é como o caso de um cachaceiro que mata o outro em uma briga de bar. É na terra ou na falta dela que se fundamenta todo tipo de agressão contra os indígenas. São expulsos de suas terras, que acabam usurpadas. Quando falamos em violência, falamos de defesa dos direitos constitucionais, da terra, da cultura, da maneira de ser.

IHU On-Line – O senhor pode nos falar sobre o caso de um povo indígena recém-contatado que pode ser levado para uma localidade do Maranhão?
Dom Erwin Kräutler
Sobre esse caso específico não tenho nenhum detalhe no momento, o Brasil é muito grande. O Cimi é contra a transferência compulsória de um povo. Isso foi feito algumas vezes, inclusive durante a construção da Transamazônica, e, no geral, os integrantes acabam morrendo. São arrancados de seu habitat e não conseguem se adaptar. Faz parte da filosofia deles: “É a terra onde me criei, onde nasci, berço de nossos mitos e ritos, lugar dos nossos ancestrais.” E acabam morrendo, como os negros que viram escravizados da África, de uma saudade patológica.
Além disso, eles não têm imunidade contra nenhum surto de doença. Mas existem na Amazônia povos encontrados recentemente e outros com contato esporádico, dos quais não se sabe praticamente nada. Ainda é impossível dizer quais as principais características e como vivem. O fato é que, quando se faz uma descoberta dessas, é um “deus nos acuda” nos meios que estão querendo se apropriar daquelas terras e das riquezas naturais existentes ali. O índio se torna um obstáculo, um empecilho e tem de ser eliminado. Para esses gananciosos e ambiciosos, índio é bicho do mato e não possui direitos.

IHU On-Line – Como é a relação entre Cimi e Funai?
Dom Erwin Kräutler
É complicada. O Cimi tem sua visão, filosofia, diretrizes, teologia e plano pastoral. A Funai é o órgão executor do governo federal e não tem filosofia própria, mas sim aquela que o atual presidente adota. Se atrai ao governo salvar os índios, é isso que a Funai se esforça para fazer. Se, no fundo, os mandantes dizem “tomara que os índios desapareçam”, a Funai também não vai se preocupar muito. Foi sempre assim. No tempo dos militares prevalecia a “incorporação dos silvícolas à identidade nacional”. Depois veio a nova Constituição, mas ficou só no papel. Nós não exigimos nada mais que o que está na Constituição, que é a carta magna do país, essa é a nossa luta.

IHU On-Line – Às vésperas das eleições, quais as expectativas do Cimi quanto aos próximos anos? Algum candidato se mostra mais favorável às causas indígenas?
Dom Erwin Kräutler
Os candidatos que aparecem mais à frente nas pesquisas não darão passos significativos, porque índio não atrai votos. Nenhum traz o compromisso de abraçar as causas indígenas. Nossa luta vai continuar. Os minoritários, que aparecem atrás, cutucam e colocam esse tema em destaque. Mesmo que não ganhem, vão aproveitar o palanque.

IHU On-Line – Como o senhor vê a situação dos povos indígenas no Mato Grosso do Sul?
Dom Erwin Kräutler
É terrível, a pior do Brasil. Foram expulsos, tiveram suas terras tomadas. Estão à beira da estrada ou em reservas tão diminutas que não há como sobreviver, estão encurralados. Instalou-se um pânico coletivo que chega ao ponto de os índios não quererem mais viver, apelando ao suicídio.

IHU On-Line – Essa prática tem crescido entre os indígenas?
Dom Erwin Kräutler
Não posso dizer que tem crescido, mas são muitos os casos, inclusive entre os jovens. Eles não têm perspectivas para sobreviver como povo.

IHU On-Line – E os índios gaúchos, como se encontram?
Dom Erwin Kräutler
O Rio Grande do Sul também tem seus problemas ligados às causas indígenas. Há gaúchos sensíveis, mas também aqueles que rezam a mesma cartilha de que índios são bugres, vagabundos, cachaceiros, mas nunca se perguntam: “o que aconteceu com esse povo?” De modo geral, tudo isso está relacionado à terra. Quando aqui se levanta questões a respeito da terra indígena, há muita contrariedade e hostilidade. Novamente dizem que os índios não precisam de tanto espaço, pois não produzem. A ideia do branco, da sociedade predominante, é que só tem direito de viver quem produz, o resto é supérfluo ou descartável. E os indígenas entram nessa categoria.

IHU On-Line – Ao mesmo tempo em que há todo sofrimento entre os índios, o senhor afirma que houve uma reafirmação da identidade indígena. Como ocorre isso?
Dom Erwin Kräutler
Em virtude dessa marginalização contra os povos indígenas, eles entranharam essa afirmação de que “são menos gente, uma categoria de pessoas que não têm direito a nada.” Entretanto, de repente, surgiu uma nova época em que eles caíram na real e se questionaram: “a final de contas, quem já estava aqui quando os outros chegaram? Quem tem cultura, uma língua e algo para contribuir para o mundo como um todo, inclusive, para o Brasil?” Criaram uma nova visão sobre a própria vida, deixaram uma síndrome de autoflagelação e complexo de inferioridade e recuperaram o orgulho de pertencer àquele povo. Os índios que eram sempre pisados ergueram a cabeça e reconheceram que são filhos dessa terra e ninguém pode tirar-lhes isso.

IHU On-Line – E nesse momento, o que o senhor tem a falar sobre Belo Monte?
Dom Erwin Kräutler
Se esse projeto for levado adiante, o Presidente Lula será lembrado como o presidente que acabou com os povos indígenas do Xingu. Não é verdade que está planejada apenas uma barragem, haverá outras. Todas as áreas indígenas do Xingu serão invadidas e os povos não vão sobreviver. Esse decreto é uma falácia. Quem deu o tiro de largada para essa monstruosidade será o responsável pela morte desses povos diante da história do Brasil e do mundo.

[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Em 12 meses, Azaléia Nordeste demitiu 1.285 trabalhadores por justa causa


A Câmara de Vereadores de Itapetinga, no interior da Bahia, realiza nesta terça-feira (24) uma audiência pública, promovida pelo Sindicato de Verdade, com a participação de lideranças sindicais da CUT e da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Vestuário (CNTV), para debater os sucessivos desmandos da Calçados Azaléia Nordeste S/A. A empresa vem se utilizando do expediente da “demissão por justa causa” para jogar trabalhadores nas ruas sem nenhum direito.
Em 2009, a Azaléia demitiu 1.285 operários por justa causa, aos quais se somam mais de 140 somente nas duas últimas semanas. Além disso, na sexta-feira, dia 20, a empresa foi condenada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) pelo uso irregular da máquina Matriz Injetora de Acetato de Etil Vinil (EVA), “responsável por acidentes com a amputação de dedos, punhos, mãos e antebraço dos empregados”. A reportagem é do portal da CUT, 23-08-2010.

Em relação à utilização da EVA, mantendo a decisão da 20ª Vara do Trabalho de Salvador, o relator, ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, esclareceu que, segundo documento técnico e notificação emitida pelo Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador (Cesat), a “empresa teria alterado o ciclo de funcionamento da máquina para obter maior produtividade e, com essa alteração, a situação tem ensejado esses reiterados acidentes do trabalho com graves consequências”.
“Diante da flagrante ilegalidade, foram convocados para a audiência o executivo, o legislativo e o judiciário da região, mobilizados para dar um basta aos abusos da Azaléia”, informou James Alves, diretor do Sindicato, denunciando o acobertamento feito pela grande mídia, já que a empresa – adquirida pela Vulcabrás - é uma das patrocinadoras do Comitê Olímpico Brasileiro. “O pior é que com os incentivos fiscais e a transferência de recursos públicos para a empresa, a região fica com praticamente nada e os operários acumulando prejuízos”, acrescentou James.
Embora o TST tenha assegurado aos empregados que operam as máquinas injetoras de EVA, os salários e outros direitos decorrentes do contrato de trabalho, bem como estabilidade temporária pelo período que durar a medida, a Justiça continua cega, surda e muda no que diz respeito às demissões por justa causa. Diante da postura que vem sendo assumida por alguns juízes, muitos advogados já nem entram mais com ações contra a Azaléia, pois foi feita uma espécie de “jurisprudência”, acatando como regra as absurdas alegações da empresa.
Na avaliação do advogado Bráulio Zacarias Ferraz, o que a Azaléia está fazendo, além de ilegal, é completamente injustificável, pois “99% das alegadas justas causas nada mais são do que uma punição pelo que considera falta injustificada ao trabalho”. E a que se devem estas faltas? “Em primeiro lugar à ausência de atendimento médico, porque a própria Azaléia cortou o ambulatório e superlotou o SUS. Em segundo lugar à ausência de creche, que também por lei seria responsabilidade da empresa”, ressaltou o advogado.
O artigo 389 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) especifica em seu parágrafo 1º que "os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão local apropriado, onde seja permitido às empregadas guardar sob vigilância e assistência os seus filhos no período de amamentação". E o que faz a Azaléia diante deste grave problema? Tenta driblar a legislação por meio de um subterfúgio, firmando uma espécie de contrato com a Prefeitura de Itapetinga que viabiliza tão somente cem vagas.
“Daí o fato de muitas mães trabalhadoras, funcionárias da Azaléia, estarem sendo notificadas pela Vara da Infância da cidade por deixarem seus filhos pequenos sozinhos em casa ou com os irmãos menores, em dois dos turnos, no período da meia noite e um minuto às 7h38, e o das 15h58 à meia noite e um. É um completo absurdo porque a empresa não resolve o problema da creche e ainda trata a questão como se fosse responsabilidade dos trabalhadores”, explicou Ferraz.
O Sindicato denuncia que a categoria tem sofrido enormemente com as arbitrariedades da Azaléia, “mais preocupada com a sua sanha desenfreada por lucros, somada à sua crença na impunidade”. Para agravar o desrespeito, lembrou o advogado, a Justiça do Trabalho na região não tem visto nada de anormal no fato de que cerca de 30% das homologações protocoladas no Sindicato sejam por justa causa. Os números da Azaléia são “surpreendentes” e demonstram que “há algo errado”, avalia o economista Leadro Horie, técnico do Dieese, uma vez que “o percentual de demissões por justa causa a nível nacional foi de 1,4% em 2009”.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Greves e câmbio fazem múltis rever estratégia para a China


Os conflitos trabalhistas na China estão levando multinacionais a rever suas estratégias de operação, mas é improvável que as levem a migrar seus negócios do país, pois os custos totais devem continuar baixos, dizem executivos. A reportagem é de Dhara Ranasinghe e publicada pelo jornal Valor, 18-08-2010.

Uma valorização significativa do yuan também poderá encarecer os custos de produção, porém o crescimento do poder de compra dos chineses será positivo, em mais longo prazo, segundo executivos que conversaram com a Reuters.
Greves nos últimos meses prejudicaram a produção em fábricas na China que suprem grandes empresas estrangeiras, como as montadoras japonesas Toyota e Honda.
A cervejaria dinamarquesa Carlsberg e o conglomerado industrial americano Ingersoll-Rand também foram afetados por greves de uma força de trabalho chinesa mais assertiva - provocando temores de que as companhias multinacionais terão de arcar com custos salariais mais altos, prejudicando os lucros no longo prazo.
"É um item muito importante, que estamos monitorando atentamente", disse Dave Anderson, diretor financeiro da indústria americana Honeywell International.
"O que realmente continua recomendando a China é flexibilidade, o que conta ao escolhermos os melhores lugares do mundo para a indústria de transformação."
Entre as medidas tomadas pelas empresas para atenuar o impacto estão ampliar a proporção de gerentes locais e a substituição de trabalhadores por máquinas, sempre que possível.
"Esse é um problema difícil, mas é uma área coma qual administradores japoneses não tem como lidar", disse Nobuyuki Sugano, chefe de operações chinesas da japonesa Sharp.
"Nossos custos de mão de obra são uma pequena parte de nossos custos totais - matérias-primas são um fator mais importante para nós. Mas, uma vez que os custos de mão de obra estão aumentando, planejamos usar uma produção mais automatizada e semiautomatizada para melhorar a eficiência."
Analistas dizem que os custos trabalhistas, mesmo com as greves, estão em uma tendência ascendente, mas é improvável que tirem a China da posição dominante na exportação de manufaturados, pois os custos de mão de obra continuam a ser uma fração do custo dos produtos lá fabricados.
Os salários na China não devem subir mais de 10% e o impacto nos lucros é considerado mínimo porque os custos salariais representaram apenas 2% dos custos totais de fabricação no país, segundo Yoichi Hojo, diretor financeiro da Honda.
Junzo Nakajima, chefe das operações de TI da Hitachi, maior fabricante japonesa de eletrônicos, disse que os custos de produção na China são um fator para consideração no longo prazo.
"Neste momento, não acredito que subirão em torno de 10% ao ano, por isso é uma questão de médio e longo prazos". O grupo Hitachi tem cerca de 50 a 60 fábricas na China.
Ainda assim, as greves enfatizaram a necessidade de melhorar as relações com o operariado local, disseram os executivos.
"Mudar o funcionamento da cadeia de suprimentos ou qualquer outra coisa não enfrentará a questão fundamental", disse Atsushi Niimi, vice-presidente-executivo da Toyota. "A coisa mais importante que podemos fazer é nos assegurar de que temos um sistema que estimula boa comunicação entre trabalhadores e administração."
Alguns executivos viram as greves como parte do desenvolvimento econômico chinês e disseram que os salários dos operários contribuirão para o consumo de combustível, beneficiando a economia mundial.
"As recentes greves significam que os padrões de vida estão melhorando", disse Nakajima, da Hitachi. "A China teve um papel importante na redução dos custos de produção e também tem sido um grande mercado, mas [os recentes desdobramentos] podem ser vistos como parte do processo mediante o qual o país vai se tornando um mercado mais atraente."

Migrante brasileiro é jovem, trabalha mais e está no Sudeste, diz Ipea


No Brasil, 3,327 milhões de pessoas deixaram seus estados de origem, entre 2003 e 2008. Em geral são pessoas jovens, com idade entre 18 e 29 anos, têm uma taxa de desemprego menor do que a de não migrantes e, quando conquistam um emprego, tendem a estar na formalidade, mas com uma carga horária acima de 45 horas semanais. Os maiores fluxos de migração são entre estados da Região Sudeste, e entre o Nordeste e o Sudeste brasileiro.
A reportagem é de Pedro Peduzzi e publicada pela Agência Brasil, 18-08-2010.

A constatação é do estudo Migração Interna no Brasil, divulgado nessa terça-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). “Se analisarmos o total de migrantes que, entre 2003 e 2008, mudaram de estado, veremos que a maior quantidade ocorre entre estados da Região Sudeste, com 465.593 migrações. Em segundo lugar, com 461.983 casos, está a migração de pessoas que vão de algum estado nordestino para algum estado do Sudeste, explicou o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Herton Araújo.
Segundo ele, a migração entre estados do Sudeste se difere da do Nordeste-Sudeste principalmente pelo fator escolaridade. “Apenas 6,1% dos nordestinos que vão para o Sudeste estudaram pelo menos 12 anos. Esse percentual sobe para 23% quando analisamos a migração dentro do Sudeste”, explica o pesquisador.
O Centro-Oeste surpreendeu por apresentar 151.614 migrações internas. Proporcionalmente, foi o maior índice de migração entre estados de uma mesma região. “Muito disso pode ser justificado pelo alto custo de vida no Distrito Federal, o que gera um grande número de migrações para a região do Entorno do Distrito Federal, de mais baixo custo de vida”, acrescentou.
Ele destaca que dentro das relações migratórias envolvendo as regiões Nordeste e Sudeste – regiões onde se encontram mais de 60% dos migrantes do país – ocorreu um fato curioso. “Houve, entre 2002 e 2007, uma inversão dessa migração, apresentando um saldo maior de pessoas indo do Sudeste para o Nordeste [cada ano apresentado pelo estudo refere-se à média dos cinco anos anteriores]”. Mas, segundo o pesquisador, essa situação voltou novamente a se reverter a partir de 2008.
O estudo detalha que esse saldo migratório, que entre 2002 e 2003 era levemente favorável ao Nordeste – migrações bastante próximas a zero –, foi ampliado entre 2003 e 2007, tendo o ápice em 2005, com saldo superior a 110 mil migrações para o Nordeste, com origem no Sudeste. “Estimamos que 80% desse saldo é de retorno de nordestinos a seus estados”, afirmou o pesquisador.
De acordo com o Ipea, 45,6% dos 3,327 milhões de migrantes brasileiros são jovens, com idade entre 18 e 29 anos. Entre o público não migrante esse percentual cai para 29,5%. Além disso, os migrantes têm mais ocupação do que os não migrantes: 68,9% contra 66,3%.
De cada quatro pessoas com idade igual ou superior a 18 anos que vão do Nordeste para o Sudeste, três estão ocupadas. “Isso se deve, em parte, ao fato de que o migrante não poder se dar ao luxo de ficar desempregado. Essa é uma situação que é mais facilmente contornada pelos não migrantes. Como dizemos, poder ficar desempregado é um luxo que nem todos têm condição de ter”, justificou Araújo.
Enquanto um migrante tem um salário médio de R$ 1,2 mil, os não migrantes recebem em média R$ 968. “Esses dados escondem o fator horas trabalhadas. Enquanto 41% dos migrantes trabalham mais do que 45 horas semanais, apenas 34,2% dos não migrantes encontram-se nessa situação. É a luta pela sobrevivência”, concluiu o técnico do Ipea.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

6ª ROMARIA DA TERRA E DAS ÁGUAS DA DIOCESE DE PRESIDENTE PRUDENTE


A COMISSÃO PASTORAL DA TERRA – CPT/PONTAL, tem a alegria de convidar a todos e todas para participarem da 6ª ROMARIA DA TERRA E DAS ÁGUAS DA DIOCESE DE PRESIDENTE PRUDENTE.

O tema desta Romaria será “Mulheres do campo na luta pela terra em defesa da vida”.

Data:19 de setembro de 2010

Local: Assentamento Margarida Alves, Mirante do Paranapanema-SP

Horário: início a concentração às 08h00.

Segue anexo a este o cartaz para divulgação e mapa para chegarem ao local da Romaria.

Informo que estão a venda os bonés da Romaria ao custo de R$ 5,00.

Para maiores informações façam contato com a Coordenação da CPT/PONTAL:

Gláucia - 18-97814148

Padre Jurandir - 18-97872706

WWW.CPTSP.COM.BR

Participem e divulguem!!!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Boletim Notícias da Terra e da Água ed 12


Seminário sobre Regularização Fundiária na Amazônia
O seminário “Terras e territórios na Pan-Amazônia: demandas, desafios e perspectivas” acontece entre os dias 9 a 11 de agosto no auditório da Reitoria da UnB. O evento é um desdobramento do convênio firmado entre a UnB e a Fundação Ford para desenvolver trabalhos sobre o tema e reune pesquisadores das universidades da região, lideranças e estudiosos de movimentos sociais e entidades da sociedade civil, direta ou indiretamente envolvidas com os processos fundiários em curso na Amazônia. Pretende-se também mapear e sistematizar a problemática relacionada à terra e ao território da Pan-Amazônia. Durante o evento discutiu-se a possibilidade de criar uma rede de acompanhamento da execução de políticas públicas de regularização e reconhecimento na Amazônia.
Fonte: Terra de Direitos

Acampamento Em Defesa do Xingu: Contra Belo Monte!
Começou esta segunda-feira (9) o acampamento Em Defesa do Xingu: Contra Belo Monte! O evento acontece na Orla do Cais do Porto de Altamira (PA) e vai até quinta feira, dia 12 de agosto, quando será realizado um ato público contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte na região. O evento, que espera receber mais de 500 pessoas, entre indígenas, ribeirinhos, pescadores e urbanos, trará ao debate público as temáticas relacionadas aos impactos gerados pelos grandes projetos do governo federal previstos para a Amazônia. A discussão será dividida em quatro eixos temáticos: grandes empreendimentos (Usina de Belo Monte, hidrelétrica no rio Madeira e rodovia 163, entre outros); luta do Movimento Indígena; luta do Movimento Popular; terras indígenas (demarcação, atividades que impactam a cultura dos povos indígenas, desmatamento).
Fonte: Índios Online

Acampamento Terra Livre 2010 em Campo Grande-MS
A edição deste ano do Acampamento Terra Livre, principal assembléia do Movimento Indígena Brasileiro, será realizada entre os dias 16 e 20 de agosto. O evento, que anualmente reúne mais de mil lideranças indígenas, representando os mais de 230 povos de todo o Brasil e que tem como cenário tradicional a Esplanada dos Ministérios em Brasília, desta vez acontece em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Na pauta do ATL constam temas como o Estatuto dos Povos Indígenas, a Secretaria Especial de Saúde Indígena, reestruturação da FUNAI, demarcação de terras, criminalização de lideranças, impactos do PAC e de grandes empreendimentos em Terras Indígenas (Transposição do Rio São Francisco, Hidrelétrica de Belo Monte, etc.) e Política Nacional de Gestão Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI). As propostas dos Povos Indígenas para a construção de uma nova política indigenista do Estado serão apresentadas aos candidatos à Presidência da República em um “Programa dos Povos Indígenas para os Presidenciáveis”, que será incorporado ao documento final do acampamento.
Fonte: CIMI

IV Fórum Social das Américas
O Fórum Social das Américas, que tem como lema "Outra América é Possível", faz parte do Fórum Social Mundial e acontece entre os dias 11 e 15 de agosto, no Paraguai. Durante esses dias cerca de 10 mil pessoas de vários países do continente estarão em Assunção para discutir e debater ações, visões e agendas comuns de lutas no continente. As atividades se centrarão a partir de seis eixos temáticos que se referem a questões como: desafios para os processos de mudança do hemisfério, alternativas de resistências dos povos, transformação das condições de vida frente ao capitalismo, disputas hegemônicas, desafio da plurinacionalidade, e memória e justiça histórica. Um dos destaques será o Encontro Hemisférico de Fé e Política, que acontecerá no marco do IV FSA. Durante os cinco dias, os participantes (membros ou não de comunidades eclesiais, igrejas, organizações e movimentos cristãos, ecumênicos e sociais) serão convidados a articular, de acordo com a tradição cristã de libertação, uma rede de mobilização frente aos problemas enfrentados pelos povos.
Fonte: Adital

Impactos da Mineração é debatido no semi-árido mineiro
Aconteceu nos dias 03 e 04 de agosto, o Encontro sobre Impactos da Mineração. Realizado no município de Porteirinha, participaram representantes da Cáritas, da CPT, de organizações populares e sindicatos do norte de Minas. O objetivo da reunião foi fortalecer a sociedade civil e unir forças para defender o projeto popular de convivência com o semi-árido e em defesa da vida. O encontro acontece em meio a uma conjuntura de freqüentes investidas de grandes projetos de mineração sobre a região. Um momento muito importante do Encontro foi a partilha de experiências, momento em que se trouxe para a plenária a triste situação da sua região e dos moradores a partir da implantação da mineradora. Foi possível perceber a grande vulnerabilidade social e fragilidade econômica dos atingidos, sobretudo no que diz respeito aos graves casos de saúde pública e violência que têm acontecido desde a instalação da mineradora.
Fonte: Articulação Popular São Francisco Vivo

8° Congresso Estadual de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Pernambuco
Entre os dias 5 e 7 de agosto mais de mil dirigentes sindicais das três regiões do Estado de Pernambuco (Mata, Agreste e Sertão) reuniram-se no Centro de Convenções da Universidade Federal de Pernambuco para o 8° Congresso da Fetape, Federação de Trabalhadores na Agricultura do estado do Pernambuco. Os agricultores e agricultoras familiares estiveram reunidos em nove comissões temáticas, discutindo Reforma Agrária e Meio Ambiente, Política Agrícola Diferenciada para a Agricultura Familiar, Relações de Trabalho Assalariado no Campo, Políticas Públicas Sociais para o Campo e Terceira Idade, Organização, Formação, Estrutura e Comunicação Sindical, Raça e Etnia no Campo, Política para as Mulheres, Política para a Juventude Rural, Auto-sustentação, Gestão e Finanças Sindicais e Relações Institucionais. O Congresso é a instância máxima do Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, onde os dirigentes discutiram suas principais estratégias de ação frente aos desafios de implementação de um Programa Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, e elegeram a nova direção da Fetape.
Fonte: Fetape

Brasil de Fato realiza curso sobre matriz energética no Brasil
O jornal Brasil de Fato realiza, entre 24 de agosto e 28 de setembro, o curso “Energia e Sociedade no Capitalismo Contemporâneo”, em São Paulo. Serão realizadas palestras e debates sobre os seguintes temas: energia e sociedade no capitalismo contemporâneo; balanço da matriz energética e planos; Amazônia, projetos de energia elétrica e Belo Monte; agrocombustíveis – sustentabilidade ambiental, social e econômica; e geopolítica e disputas por energia: o petróleo e energia nuclear. As inscrições devem ser feitas até o dia 17 de agosto, através do telefone (11) 3104-6746 ou pelo e-mail: cursosbrasildefato@gmail.com. O curso será ministrado das 19 às 22 horas no Auditório do Instituto Sedes Sapientiae, que fica na rua Ministro Godoy, 1.484, Bairro de Perdizes, São Paulo.
Fonte: Brasil de Fato

Paróquia denuncia crise siderúrgica em Açailândia, no Maranhão
No último dia 30 de julho, a Paróquia São João Batista, localizada em Açailândia, interior do Maranhão, no Nordeste Brasileiro, divulgou uma Carta Aberta na qual denuncia a crise da siderurgia na região, que afeta, diretamente, trabalhadores e trabalhadoras. Segundo a carta, a crise é gerada pelos altos preços praticados pela empresa mineradora Vale. De acordo com o padre Dário Bossi, que está à frente da Paróquia de Açailândia, a publicação da carta teve três objetivos principais. "Primeiro é a solidariedade, pois, como igreja não podemos nos calar diante do sofrimento dos trabalhadores, que são nossos paroquianos", disse. O segundo objetivo, explicou, é "denunciar a responsabilidade da Vale com a queda do mercado.” "Não queremos santificar as siderúrgicas e culpar só a Vale, mas, denunciar o Sistema", completou. Além disso, a carta também tem a finalidade de gerar propostas. Segundo padre Dário, é urgente tratar a questão da negociação, nas áreas política e econômica, a fim de garantir o emprego para a população da cidade.
Fonte: Adital

12º Romaria da Terra em Iaras SP

2.500 pessoas participaram, em Iaras, São Paulo, próximo ao local onde os trabalhadores e trabalhadoras do MST, ocuparam, no ano passado, parte da área grilada pela Cutrale, no dia 25 de julho, da 12ª Romaria da Terra do estado de São Paulo. O arcebispo de Botucatu Dom Maurício Grotto de Camargo e diversos padres e religiosas do estado se juntaram aos assentados e acampados e a outros trabalhadores da região que proclamaram a Terra dom de Deus, direito do povo. e reafirmaram que Lutar pela terra não é crime, é bem aventurança. A Romaria, segundo Andrelina, da Coordenação regional da CPT, representou uma injeção de ânimo para muitos que se sentiam desanimados e desesperançados.
Fonte: CPT SP

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

DIA DO CORTADOR DE CANA - 12 de agosto


Neste dia 12, dia escolhido para comemorar o cortador de cana, queremos:

- render nossa homenagem a estes milhares de trabalhadores que, no dia a dia, deixam o suor de seus corpos nas terras dos canaviais brasileiros;

- registrar nosso profundo respeito a todos trabalhadores que usam suas forças vitais para garantir a própria sobrevivência e a de suas famílias;

- registrar nosso apoio e compromisso político a estes trabalhadores em torno da busca da justiça e dos direitos humanos do trabalho;

- registrar nosso compromisso em defesa da transformação deste trabalho, extremamente penoso, num trabalho que cumpra sua função primordial, qual seja a de dignificar as pessoas, possibilitando-lhes bem-estar, realização profissional e, sobretudo, humana;

- registrar nossa eterna luta para acabar com todas as formas abusivas de exploração e de discriminação que recaem sobre todos estes, cujo trabalho é o pilar básico do enriquecimento dos donos da terra e dos capitais da atividade canavieira, e também da projeção internacional do Brasil no tocante aos agro-combustíveis;

-registrar a continuidade desta parceria com todos nos “eitos” e “talhões” da justiça e dos direitos humanos.

Um abraço fraterno da

PASTORAL DOS MIGRANTES
GUARIBA.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Limite da propriedade da terra é tema de plebiscito popular

Pedro Carrano

O Brasil é o segundo maior concentrador de terras do mundo. Uma desigualdade histórica, que se expressa no fato de as unidades de produção com menos de dez hectares ocuparem somente 2,36% de área do território nacional, mesmo sendo a imensa maioria numérica. Este cenário motivou o Fórum Nacional pela Reforma Agrária (FNRA) a propor ao conjunto da sociedade um plebiscito, de caráter popular, pelo limite da propriedade da terra. A população é chamada a organizar, entre os dias 1º e 7 de setembro, uma urna e dar a sua contribuição no tema.
Medida indicada em uma série de países, o limite jurídico da propriedade da terra inexiste no Brasil. O Fórum propõe um máximo de 35 módulos fiscais como a área que um proprietário possa ter em mãos. Propriedades superiores a essa medida seriam incorporadas à reforma agrária pelo poder público.
O módulo fiscal varia de região para região, definido para cada município de acordo com critérios, tais como: proximidade da capital e infra-estrutura urbana, qualidade do solo, relevo e condições de acesso. No Paraná, por exemplo, o enquadramento de 35 módulos fiscais equivale a uma média de 1035 hectares. Já no Amazonas, a área torna-se mais extensa e atinge 3500 hectares.
O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo é composto por 54 entidades. Somam-se ao plebiscito a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos, entre outros movimentos sociais. Entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) apóiam a iniciativa. A população é também chamada a participar de uma coleta de assinaturas para um projeto de emenda constitucional (PEC) para seja inserido um quinto inciso no artigo 186 da Constituição, no que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural. De acordo com os organizadores do plebiscito, o voto e o abaixo-assinado são complementares.
"Trata-se de uma questão que interessa a todos, pois estabelecer o limite da propriedade significa democratizar o acesso à terra e possibilitar a fixação do homem no campo, evitando inúmeros problemas que a migração para as cidades causa. A articulação com as comunidades de base é chave, seja pela importância do tema, seja pela rede espalhada em todo o Brasil", avalia Luis Bassegio, militante da Assembleia Popular e do Grito dos Excluídos.

Contexto do debate

Dom Ladislau Biernarski, presidente nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), afirma que o plebiscito dialoga com o tema central da Campanha da Fraternidade de 2010, que toca na desigualdade do capitalismo, com o "Fraternidade e Economia – Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro", e tem o seu desfecho com o "Grito dos Excluídos", realizado na Semana da Pátria, também de 1º a 7 de setembro.
De acordo com a proposta do plebiscito, apenas cerca de 50 mil proprietários teriam sua propriedade limitada, o que ao mesmo tempo liberaria uma área de 200 milhões de hectares para a reforma agrária. "É vantajoso para um país que deixemos de ter quatro milhões de sem terra, onde 2% dos proprietários possuem mais de metade das terras", coloca Biernarski.
O artigo 184 da Constituição Brasileira se refere à função social da propriedade e impõe que o Estado cumpra a reforma agrária. No entanto, logo depois, o mesmo documento também estabelece o direito à propriedade privada e define que a reforma agrária não toque na média propriedade e naquela definida como produtiva.
A proposta do plebiscito busca inserir o limite da propriedade da terra no artigo 186 na forma de um quinto inciso, somado aos atuais quatro incisos que definem a função social da propriedade. No entanto, para atingir na prática a função social da terra, como afirma Biernarski, "será necessário pressão das organizações sociais".
Bassegio, por sua vez, analisa que o tema da terra, em diferentes momentos históricos, enfrentou resistência das frações mais conservadoras da elite brasileira. "Isso tem a ver com o poder da oligarquia agrária no Brasil. Ela é muito retrógrada, não vê que a solução de nossos problemas em boa parte está no campo, ela continua cega em sua visão de que falar em reforma agrária é igual a comunismo. Por outro lado, é necessária uma maior articulação da sociedade no sentido de apoiar efetivamente as lutas dos trabalhadores no campo", propõe.
A questão do elevado consumo de agrotóxicos, a alteração no Código Ambiental em favor do agronegócio, o controle das transnacionais sobre a terra e a água são diferentes debates que atravessam a atual conjuntura e devem estar presentes no trabalho de conscientização que antecede os dias de votação do plebiscito. "Temos que trabalhar a reforma agrária abrangente, que cuide de fato da alimentação da população, sem veneno, em que haja o confisco das terras onde há trabalho escravo", defende Biernarski. No que se refere ao uso do trabalho escravo pelos grandes proprietários, dados recentes da CPT apontam que, em 25 anos, 2.438 ocorrências de trabalho escravo foram registradas, com 163 mil trabalhadores.
Falar na propriedade da terra é tocar no assunto da terra em mãos estrangeiras. O Sistema Nacional de Cadastro Rural do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) elaborou um mapa da distribuição de terras brasileiras compradas por estrangeiros. São 4,3 milhões de hectares distribuídos em 3.694 municípios. "A questão da terra é fundamental para a identidade nacional. O limite da propriedade da terra existe em quase todos os países, a terra não pode nunca perder sua importância, seu significado de ser a primeira referência de um país, quando olhamos sua geografia e sua história", comenta o bispo de Jales e presidente da Cáritas brasileira, dom Demétrio Valentini.

(Com informações da Assessoria de Comunicação do FNRA)

FONTE: Brasil de Fato
SITE: www.brasildefato.com.br
PUBLICAÇÃO: 11/08/2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Alter do chão: um aquífero de 84 quadrilhões de litros de água. Entrevista especial com André Montenegro Duarte

Há cerca de 50 anos se tem conhecimento da existência do Aquífero Alter do chão. No entanto, a partir da sua tese, o professor André Montenegro Duarte descobriu que este reservatório tem, aproximadamente, 84 quadrilhões de litros de água, duas vezes o volume do Aquífero Guarani, no sul do Brasil. Na entrevista que concedeu, por telefone, à IHU On-Line, Duarte aponta as diferenças entre esses dois reservatórios: “O Guarani está localizado numa região mais cristalina, uma área mais rochosa, por isso a água fica armazenada mais nas fraturas, embora lá também existam depósitos de água nos pacotes sedimentares. Já o Alter do Chão é todo sedimentar, ou seja, é uma área muito grande, onde a porosidade é muito maior e, consequentemente, o volume de água também”, explicou.
André também falou do conceito de valor do “não uso” que, segundo ele, deve ser aplicado na gestão da água do aquífero localizado sob os estados do Amazonas, Pará e Amapá. “Nós estamos fazendo alguns estudos que são uma tentativa de gestão e utilização dessa água de forma estacional e inteligente dando valor para a ideia de ‘não uso’”, analisou.
André Montenegro Duarte é graduado em Engenharia Civil Universidade Federal do Pará – UFPA. Na Universidad Politecnica de Valencia realizou o mestrado na área de Engenharia e, na UFPA, onde atualmente é professor, fez o doutorado em Geologia e Geoquímica, intitulado O Valor Econômico e Estratégico das Águas da Amazônia.
Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como se caracteriza o Aquífero Alter do chão?
André Montenegro Duarte
O Aquífero Alter do Chão é uma formação geológica no interior do solo que armazena a água nos poros ou nos vazios. São espaços nos quais, durante milhões de anos, foi armazenada água. Tem grande extensão territorial e abrange os estados do Pará, Amapá e do Amazonas.

IHU On-Line – Quais as diferenças entre este e o Aquífero Guarani?
André Montenegro Duarte
São bem diferentes. A principal diferença é o volume. O Alter do chão tem uma capacidade de armazenamento de água muito maior. O Guarani está localizado numa região mais cristalina, uma área mais rochosa, por isso a água fica armazenada mais nas fraturas, embora lá também existam depósitos de água nos pacotes sedimentares. Já o Alter do Chão é todo sedimentar, ou seja, é uma área muito grande, onde a porosidade é muito maior e, consequentemente, o volume de água também.

IHU On-Line – O Aquífero Alter do chão é conhecido há pelo menos 50 anos, mas não se sabiam sua extensão e seu volume de água, por exemplo. Que dados permitiram o senhor chegar a esses valores?
André Montenegro Duarte
Ele foi identificado na década de 1950 pelos poços de pesquisa de petróleo da Petrobras. Entretanto, não havia interesse econômico maior na exploração ou nacodificação dessa água. A quantidade foi definida, ainda de maneira preliminar, pois existem alguns estudos complementares, de uns cinco anos para cá com os estudos que têm sido feitos aqui na universidade. Utilizamos dados cedidos pela Petrobrás e de outras pesquisas realizadas ao longo dos anos na região. A cidade de Manaus, por exemplo, é abastecida por este aquífero, assim comoSantarém, outro município grande no oeste do Pará. Existem alguns poços perfurados operando e isso permite que tenhamos essas informações.

IHU On-Line – As obras que estão sendo projetadas para a Amazônia podem ameaçar o Aquífero Alter do chão?
André Montenegro Duarte
A água que está armazenada no Alter do Chão, com aproximadamente 84 quadrilhões de litros, duas vezes o volume do Aquífero Guarani, não será alterada por obras como uma barragem, hidrovia, pois está no subsolo. O que acontece em algumas obras com grandes áreas de desmatamento, é que provocam uma mudança no ciclo da água, que é o responsável pela recarga e manutenção do Aquífero ao longo desses milhões de anos. Em algum momento essa água será explorada, devido ao fato de ela tem um valor econômico muito grande, mas se não houver recarga, ficará insustentável. Então essas intervenções humanas causam problema não ao volume de água que está lá dentro, mas trazem a possibilidade de alterar o ciclo da água na região, prejudicando a manutenção do Aquífero.
Como já citei, Manaus, Santarém e outras pequenas localidades já são abastecidas com esta água; mas é um volume muito pequeno em relação ao potencial do Aquífero. Sabemos, porém, que a água potável é um bem que está se tornando cada vez mais raro e escasso, por isso está sendo agregado grande valor econômico ao Aquífero, que já desperta o interesse de empresas de grande porte de todo o mundo. Elas estão inclusive adquirindo áreas na região para fazerem a exploração no futuro. Potencialmente tem um mercado muito grande.

IHU On-Line – Mas há uma forma de preservar esse ciclo da água mesmo com a exploração?
André Montenegro Duarte
Nós estamos fazendo alguns estudos que são uma tentativa de gestão e utilização dessa água de forma estacional e inteligente dando valor para a ideia de “não uso”. Ou seja, uma parte seria utilizada e outra preservada. E a essa segunda parte também se agrega valor. Existem posturas teóricas que precisamos implementar para que consigamos implementar estas questões de forma mais pragmática.

IHU On-Line – O senhor pode nos explicar o que é o conceito de valor do “não uso”?
André Montenegro Duarte
Vou te dar um exemplo real: a floresta tem valor quando um madeireiro corta a madeira e a vende. Ela tem também um grande valor quando essa madeira permanece lá, ou seja, em pé. A floresta preservada pode ter um valor de “não uso” muito maior. Um desses valores está ligado ao sequestro de não uso do CO2, hoje já se consegue auferir receita ou valor econômico para a preservação daquele espaço através desse processo. Hoje, existem mercado de resgate de CO2 que possibilita o “não uso”.
A água também pode ter um valor de “não uso” agregado. O mais importante, nesse caso, é, principalmente, preservar o ciclo da água do que o reservatório em si. Para manter o Alter do Chão é preciso preservar o ciclo hidrológico e, para isso, é preciso ter um elemento compensatório.

XI JORNADA DO TRABALHO - CEGeT

XI JORNADA DO TRABALHO
TRABALHO E AS ESCALAS DAS PRÁXIS EMANCIPATÓRIAS:
Autonomia de Classe frente à territorialização do capital !

12 a 15 de OUTUBRO de 2010

UFPB, JOÃO PESSOA (PB)
CENTRO DE ESTUDOS DE GEOGRAFIA DO TRABALHO – CEGeT
CENTRO DE ESTUDOS DE GEOGRAFIA DO TRABALHO – CEGeT/Pb

O Centro de Estudos de Geografia do Trabalho - Seção Paraíba (CEGeT/Paraíba)/UFPB, em João Pessoa, vinculado ao CEGeT/FCT/UNESP/Presidente Prudente, em articulação com o
CEGeT/ Curitiba/U
FPR em Curitiba; o CEGeT/Mato Grosso do Sul/UFMS, em Nova Andradina e Dourados; o CEGeT/Tocantins/UFTO, em Palmas; o GETEM (Geografia, Trabalho e Movimentos Sociais)/FUG/UFG, em Catalão; o GEOLUTAS/UNIOESTE, Marechal Cândido Rondon - PR, sediará, junto ao Departamento de Geociências e do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPB, e os Grupos de Pesquisa parceiros Espaço, Trabalho e Campesinato (GETEC/UFPB- João Pessoa), Grupo de Estudos sobre Àgua e Território (GEPAT/UFPB – João Pessoa) e o Grupo de Estudos Estado, Capital e Trabalho da
UFS-Aracajú, com apoio da Associação Brasileira de Economia do Trabalho (ABET),
a décima primeira edição (XI) da
Jornada do Trabalho, a ser realizada no período de 12 a 15 de outubro de 2010.

A DATA para o envio de trabalhos para a XI Jornada será até o dia 30 de Agosto de 2010.

MAIS INFORMAÇÕES
http://cegetparaiba.blogspot.com/