Uma análise da cultura trabalhista no continente asiático é o tema da entrevista à IHU On-Line, realizada por e-mail, com o professor e pesquisador Arnaldo Nogueira. Segundo ele, na Ásia, região com economia cada vez mais crescente, existe uma relação mais natural entre trabalho e vida social. Sobre as confluências nas práticas de trabalho oriental e ocidental, Nogueira acredita que “a cultura asiática do trabalho tende a se aproximar da cultura ocidental no contexto do modo de produção capitalista”.
Arnaldo Mazzei Nogueira é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente, é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professor doutor da Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de Ciências Sociais Aplicadas com ênfase em Relações de Trabalho, Recursos Humanos e Sociologia do Trabalho, Teoria das Organizações e Globalização.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Em sua opinião, como os asiáticos veem o trabalho?
Arnaldo Nogueira – Acredito que, independentemente da raça, origem étnica e cultura, à medida que o modo capitalista de produção se estabelece, a visão do trabalho tende a se homogeneizar e haver quebras de tradições e expectativas.
IHU On-Line - De onde provém essa cultura do trabalho para o asiático?
Arnaldo Nogueira – Se podemos afirmar, genericamente, que há uma cultura do trabalho para o asiático, esta se caracteriza pela presença de um espírito coletivo acima do individual. Há também uma relação mais natural entre trabalho e vida social.
IHU On-Line - Há diferenças entre as culturas do trabalho coreana, chinesa e japonesa, ou são similares?
Arnaldo Nogueira – Evidentemente, há diferenças culturais, históricas e sociais que refletem de alguma maneira na relação de trabalho. No entanto, todas essas culturas, com exceção da Coreia do Norte, ao incorporarem o modo capitalista de organização do trabalho, tendem a compartilhar problemas similares.
IHU On-Line - Nas últimas semanas, tem se falado muito no recall da Toyota e na aparição pública do seu presidente pedindo desculpas ao mundo. Qual o significado desse gesto?
Arnaldo Nogueira – O significado é apenas aparência de uma questão mais profunda: uma certa crise do modelo toyotista de produção. Uma das hipóteses é um problema de gestão nas redes de subcontratação do sistema Toyota, que barateiam os custos e precarizam o trabalho. O fato de o presidente pedir desculpas públicas, no meu modo de entender, é tentar diminuir os prováveis impactos econômicos da perda da confiança dos clientes e consumidores conquistados nos últimos tempos.
IHU On-Line - No que a cultura asiática do trabalho conflui com a ocidental e no que difere?
Arnaldo Nogueira – A cultura asiática do trabalho tende a se aproximar da cultura ocidental no contexto do modo de produção capitalista. Ou seja, no contexto do trabalho assalariado, a cultura deixa de ser o fator essencial na definição das relações de trabalho, e a dimensão econômica ocupa um espaço maior.
IHU On-Line - Quais são as principais mudanças que afetam o mundo do trabalho chinês?
Arnaldo Nogueira – O mundo do trabalho chinês está vivendo um processo parecido com a implantação do fordismo e certamente viverá as contradições desse processo e de sua crise para o modo flexível na forma particular chinesa.
IHU On-Line - E a cultura de trabalho brasileira, como o senhor a define?
Arnaldo Nogueira – Para definir a cultura de trabalho brasileira, é preciso considerar a herança escravista, colonial, católica, autoritária e a presença dos fenômenos da imigração e migração na formação do trabalho assalariado, que configuraram uma forte heterogeneidade e uma profunda desigualdade social. Assim, desenvolveu-se, no Brasil, ao lado da centralidade e da necessidade do trabalho para viver um certo desprezo ao próprio trabalho como meio de desenvolvimento pessoal e social.
Arnaldo Mazzei Nogueira é doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas. Atualmente, é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e professor doutor da Universidade de São Paulo (USP). Tem experiência na área de Ciências Sociais Aplicadas com ênfase em Relações de Trabalho, Recursos Humanos e Sociologia do Trabalho, Teoria das Organizações e Globalização.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Em sua opinião, como os asiáticos veem o trabalho?
Arnaldo Nogueira – Acredito que, independentemente da raça, origem étnica e cultura, à medida que o modo capitalista de produção se estabelece, a visão do trabalho tende a se homogeneizar e haver quebras de tradições e expectativas.
IHU On-Line - De onde provém essa cultura do trabalho para o asiático?
Arnaldo Nogueira – Se podemos afirmar, genericamente, que há uma cultura do trabalho para o asiático, esta se caracteriza pela presença de um espírito coletivo acima do individual. Há também uma relação mais natural entre trabalho e vida social.
IHU On-Line - Há diferenças entre as culturas do trabalho coreana, chinesa e japonesa, ou são similares?
Arnaldo Nogueira – Evidentemente, há diferenças culturais, históricas e sociais que refletem de alguma maneira na relação de trabalho. No entanto, todas essas culturas, com exceção da Coreia do Norte, ao incorporarem o modo capitalista de organização do trabalho, tendem a compartilhar problemas similares.
IHU On-Line - Nas últimas semanas, tem se falado muito no recall da Toyota e na aparição pública do seu presidente pedindo desculpas ao mundo. Qual o significado desse gesto?
Arnaldo Nogueira – O significado é apenas aparência de uma questão mais profunda: uma certa crise do modelo toyotista de produção. Uma das hipóteses é um problema de gestão nas redes de subcontratação do sistema Toyota, que barateiam os custos e precarizam o trabalho. O fato de o presidente pedir desculpas públicas, no meu modo de entender, é tentar diminuir os prováveis impactos econômicos da perda da confiança dos clientes e consumidores conquistados nos últimos tempos.
IHU On-Line - No que a cultura asiática do trabalho conflui com a ocidental e no que difere?
Arnaldo Nogueira – A cultura asiática do trabalho tende a se aproximar da cultura ocidental no contexto do modo de produção capitalista. Ou seja, no contexto do trabalho assalariado, a cultura deixa de ser o fator essencial na definição das relações de trabalho, e a dimensão econômica ocupa um espaço maior.
IHU On-Line - Quais são as principais mudanças que afetam o mundo do trabalho chinês?
Arnaldo Nogueira – O mundo do trabalho chinês está vivendo um processo parecido com a implantação do fordismo e certamente viverá as contradições desse processo e de sua crise para o modo flexível na forma particular chinesa.
IHU On-Line - E a cultura de trabalho brasileira, como o senhor a define?
Arnaldo Nogueira – Para definir a cultura de trabalho brasileira, é preciso considerar a herança escravista, colonial, católica, autoritária e a presença dos fenômenos da imigração e migração na formação do trabalho assalariado, que configuraram uma forte heterogeneidade e uma profunda desigualdade social. Assim, desenvolveu-se, no Brasil, ao lado da centralidade e da necessidade do trabalho para viver um certo desprezo ao próprio trabalho como meio de desenvolvimento pessoal e social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário