I Seminário Internacional Mundos do Trabalho: Histórias do Trabalho no Sul Global
V Jornada Nacional de História do Trabalho
Chamada de apresentações:
Local: Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis, SC, Brasil)
Data: 25 a 28 de outubro de 2010.
Instituições Promotoras:
GT Nacional “Mundos do Trabalho” ANPUH;
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Projeto PROCAD – CAPES “Cruzando fronteiras”.
Os membros do GT Nacional Mundos do Trabalho (ANPUH) convidam pesquisadores para submeterem propostas de apresentações para a sua V Jornada Nacional de História de Trabalho e o I Seminário Internacional “Mundos do Trabalho”, que serão realizados em Florianópolis, em 2010, sob o tema: “Histórias do Trabalho no Sul Global”. O objetivo deste encontro é reunir pesquisadores que enfrentem a gama de questões que envolvem os estudos do mundo do trabalho em uma perspectiva global.
A ideia do encontro em Florianópolis nasceu do intercâmbio com pesquisadores na India e na África do Sul, em simpósios internacionais de escopo semelhante que aconteceram nos últimos anos nesses países. Nosso objetivo é aprofundar essas trocas, ampliando-as com a incorporação de outros pesquisadores da América Latina.
Considerando que a esfera estritamente “nacional” que caracterizou por muito tempo boa parte da historiografia sobre o trabalho não é capaz de dar conta sozinha de dimensões fundamentais da experiência das classes trabalhadoras, como sua diversidade étnica e cultural, seus deslocamentos, a multiplicidade das suas experiências e identidades, propomos como tema geral do evento o desafio de pensar os problemas da história do trabalho a partir de uma perspectiva transnacional ou global.
A ênfase nas conexões e comparações articula-se a partir da constatação de que, a despeito das enormes disparidades, há temas comuns que marcam o lugar distintivo que os mundos do trabalho ocupam nas sociedades do chamado Sul Global – ou seja, nos países pós-coloniais e “em desenvolvimento”, especialmente na América Latina, na África e na Ásia. Lugares estes determinados tanto pela experiência contemporânea quanto pela longa duração das formas de trabalho escravo, compulsório ou super-explorado que caracterizaram as trajetórias dessas sociedades durante a expansão do capitalismo e da sociedade de mercado.
Assim, em paralelo aos temas clássicos da história do trabalho, formulados a partir da experiência dos trabalhadores no hemisfério Norte, as perspectivas que se abrem a partir da atenção dada às especificidades dos mundos do trabalho desde o Sul Global estão na possibilidade de considerar com mais intensidade temas como as fronteiras ambíguas entre o trabalho escravo e o chamado trabalho “livre”, as múltiplas formas do trabalho compulsório (indígena, inclusive), a domesticidade nas esferas do trabalho, as migrações compulsórias, bem como os trânsitos e as redes de sociabilidade transnacionais, a diversidade cultural e étnica dos trabalhadores, a fluidez entre o rural e o urbano. A esses, associam-se também temas que vem enriquecendo as pautas de estudo dos historiadores do trabalho e da experiência trabalhadora, como a indagação sobre sua diversidade, seus divertimentos e lazer, sobre as suas lógicas e formas associativas menos diretamente associáveis ao trabalho – como suas festas, clubes recreativos, de dança e desporto, etc. – bem como do intenso trânsito dessas associações com as organizações político-partidárias; as relações de gênero como instrumento de análise de conflitos e solidariedades intra-classe; a cultura associativista e as relações com os poderes públicos; os diversos arranjos e estratégias de sobrevivência cotidianos adotados pelos trabalhadores no meio urbano e rural (entre elas a utilização das formas legais), etc.
Além da perspectiva comparativa sul-sul para iluminar especificidades das realidades brasileiras, a compreensão da circulação global de idéias, pessoas e mercadorias é uma maneira de ir além das fronteiras nacionais, revelando os aspectos complementares do funcionamento, por um lado, dos processos de produção, distribuição e controle e, por outro, da multiplicidade de experiências compartilhadas por esses trabalhadores(as). Nosso objetivo, portanto é receber textos que discutam os mundos do trabalho e em toda sua possível amplitude.
Objetivos gerais e resultados esperados:
• Fomentar a colaboração de pesquisadores da história do trabalho no Brasil, na América Latina, na África e na Ásia;
• Promover o desenvolvimento de estudos comparativos tendo como a referência a história do trabalho no Brasil, em comparação com outros países do chamado “Sul Global”;
• Repensar a agenda de estudos da história do trabalho no Brasil à luz da experiência, dos processos específicos e conexões que emergem do debate internacional;
• Introduzir novas abordagens e debates dentro do campo da história do trabalho e mais especificamente da historiografia brasileira e sul-americana sobre o trabalho;
• Propor um espaço para a apresentação de novas pesquisas e temas e o acompanhamento de discussões historiográficas internacionais através de seus desdobramentos regionais, contribuindo com isso também para a construção de uma noção mais inclusiva de trabalho e classe trabalhadora.
Serão bem-vindos trabalhos que contemplem os seguintes temas possíveis:
• Migrações forçadas e compulsórias de trabalhadores (incluindo o “tráfico de mulheres” e os “tráficos” de trabalhadores na contemporaneidade);
• Trabalho e diásporas no Hemisfério Sul;
• Trabalho escravo, trabalho indígena e trabalho coercivo nas Américas, África e Ásia;
• Trabalho e os múltiplos significados das identidades “étnicas” e “raciais”;
• Histórias do trabalho em sociedades de “pós-emancipação”
• Raça, gênero e nação na história do trabalho;
• Família, reprodução e domesticidade na esfera do trabalho;
• Prostituição, trabalho infantil e trabalho doméstico;
• Trabalho informal e precarizado;
• Mercados de trabalho e migrações;
• Imigração e política na formação das identidades nacionais;
• Trabalho, colonialismo e pós-colonialismo;
• Ideologias políticas e movimentos sociais
• Ações e organizações políticas;
• Anarquismo, comunismo, socialismo, sindicalismo e internacionalismo;
• Diversidade das lógicas associativas dos trabalhadores;
• Relações com o Estado e as instituições;
• Leis para o trabalho em perspectiva comparativa;
• Trabalho e meio-ambiente;
• Trabalho e militarização;
• Lugares, formas e processos de trabalho;
• Culturas de classe;
• Biografias e trajetórias de trabalhadores;
• Os trabalhadores nas artes e nos media.
• Redes de sociabilidade e política
• Conflitos, solidariedades e rivalidades entre os trabalhadores
• A diversidade e a fluidez das relações campo/cidade na configuração do mundo do trabalho.
• O conceito de “classe trabalhadora” à luz das novas discussões sobre o sul global.
Nós aceitaremos propostas que lidem com aspectos específicos dos temas acima, tanto em âmbito regional quanto comparado. Serão analisadas, igualmente, propostas sobre temas correlatos.
As apresentações poderão ser feitas em português, espanhol e inglês, idiomas oficiais do evento.
O financiamento parcial ou total para apresentadores estrangeiros que não puderem arcar com suas despesas de viagem e estadia no Brasil será solicitado às agências financiadoras do evento. Propostas selecionadas pelo comitê científico poderão obter esse financiamento, por isso os organizadores do Simpósio encorajam fortemente a submissão de trabalhos oriundos de instituições de ensino e pesquisa deoutros países da América Latina, bem como da Índia e dos países africanos. Participantes de instituições científicas oriundos do Hemisfério Norte não serão financiados, mas são igualmente bem-vindos a apresentarem suas propostas. A organização do evento apoiará os participantes internacionais em suas demandas por financiamento junto às suas respectivas agências e instituições de fomento.
Participantes:
Serão consideradas as propostas de quaisquer proponentes que tenham pesquisas sobre os temas amplos contemplados no evento. Pesquisadores em formação poderão ter igualmente suas propostas consideradas, desde que apresentem trabalhos que contemplem resultados maduros de suas investigações. Devido às limitações de espaço e tempo, a aceitação dos trabalhos estará condicionada à avaliação da comissão científica do evento, que selecionará os trabalhos a serem apresentados.
OBS: A apresentação do texto completo será, para todos os participantes, condição final para a inclusão dos trabalhos previamente aceitos na programação do evento.
Datas Importantes:
Envio de propostas: 01/12/2009 – 20/01/2010
Respostas: 31/01/2010
Prazo final para envio dos textos: 15/05/2010
Confirmação final das apresentações: 20/05/2010
Divulgação dos trabalhos que serão financiados parcial ou completamente será feita em tempo hábil para a viagem.
Formato das propostas:
As propostas de apresentação deverão ser enviadas por email para os organizadores do evento (trabalho.global@gmail.com)e deverão conter um resumo de até 300 palavras, contendo título e nome do autor, além de um breve resumo do Curriculum Vitae (resumé) do(s) proponente(s).
Formato dos textos: eletrônico (compatível com word), times 12, espaço 1 e ½, margens de 2,5 cm, 12-20 páginas.
Formato das apresentações: os textos serão divulgados na página do evento; as apresentações serão de 15 minutos, seguidas de comentários de leitores escolhidos pela comissão organizadora.
Toda a correspondência eletrônica deverá ser enviada para o endereço:
trabalho.global@gmail.com
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