quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A Agenda da Classe Trabalhadora é a unidade da luta do campo e da cidade na construção de uma sociedade mais justa


No dia 1º junho, as cinco principais centrais sindicais reuniram 30 mil trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, no estádio do Pacaembu, em São Paulo e aprovaram a Agenda da Classe Trabalhadora: pelo desenvolvimento com soberania, democracia e valorização do trabalho.
Este importante documento propõe medidas de ampliação dos mecanismos de crédito para agricultores familiares e camponeses como forma de enfraquecer o êxodo rural. “Desta forma estamos construindo programas comuns buscando ter mobilizações e lutas comuns, entre movimentos do campo e da cidade, rumo a um projeto político para estabelecer uma sociedade mais justa e igualitária”, afirma João Pedro Stédile, um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em entrevista concedida a Fábio Rogério Ramalho e publicada no Portal CTB, 27-09-2010, Stédile falou sobre reforma agrária, a campanha do MST pelo combate aos agrotóxicos e eleições 2010.
Eis a entrevista.

O que a Agenda da Classe Trabalhadora representa para a luta pela efetiva realização da reforma agrária no nosso país?
Nos do MST e da Via Campesina Brasil consideramos esse documento importantíssimo, para toda classe trabalhadora brasileira por três motivos: Primeiramente ele representa uma plataforma política da classe trabalhadora, de forma unitária, e se posiciona mais a esquerda do que os próprios programas dos partidos; Segundo porque ao produzir um documento unitário, ele ajuda a construir uma unidade que será necessária no próximo período para que a classe retome as mobilizações sociais. Terceiro, que é um documento que abarca todos os temas importantes e necessários para o conjunto da classe trabalhadora, tanto que vive na cidade como dos trabalhadores do meio rural.
Nosso movimento se alinha na leitura de que o Brasil conseguiu frear as políticas neoliberais com o governo Lula, mas ainda não conseguimos ter mudanças estruturais na sociedade brasileira para, garantir de fato, a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Porém, essas mudanças sociais necessárias, somente se viabilizarão com uma nova correlação de forças na sociedade, construída, com a conjugação de dois pólos: a luta institucional no estado (por meio dos governos e do legislativo) e a luta social.

Uma das alternativas para reduzir os problemas do campo, a Agenda da Classe Trabalhadora propõe medidas que ampliem o financiamento a agricultura familiar. Qual a importância dessas medidas?
Essencial. Mas é preciso saber que existem diferentes setores da classe trabalhadora que vivem no meio rural Brasileiro.
Nós temos na base da pirâmide os assalariados e migrantes, que vivem de salário e precisam de todo apoio para lutarem por direitos sociais e trabalhistas, mas que ainda estão muito longe inclusive das conquistas, mínimas, que os trabalhadores urbanos já adquiriram. Este é um setor atomizado, disperso, sem organização sindical ou política e, por isso, esta a mercê da ditadura do patrão. Para eles carteira assinada, trabalhar o ano inteiro e usufruir direitos trabalhistas já seria um avanço enorme.
Há um segundo segmento que são os camponeses, os sem-terra, os semi-proletarizados que constituem a base social do MST. Para estes, precisamos de uma reforma agrária que desaproprie os maiores latifúndios do país e, em especial, os de propriedade do capital estrangeiro e de empresas que atuam em outros setores, como os bancos e etc.
O terceiro segmento representa cerca de 3 milhões de famílias de camponeses, pequenos agricultores, micro proprietários de até 10 ha, que são os camponeses pobres que não tem acesso ao crédito do Pronaf, etc. Para estes, o estado precisa ter uma política ampla, primeiro de garantir apoio para a produção em outros moldes, como fornecer sementes, planos de aquisição de máquinas agrícolas e, sobretudo, fortalecer a CONAB para garantir a compra de toda sua produção.
Para camponeses, o banco é um perigo. E é mesmo! Se levarmos a eles o acesso a educação, em todos os níveis essa situação de risco começa a mudar, uma vez que cerca de 70% dessas pessoas não tem ensino fundamental completo e, aproximadamente, 30% são analfabetos.
Existe ainda um quarto segmento. Os pequenos proprietários, camponeses remediados que possuem menos de 100 ha, são ao redor de 1,2 milhões de famílias. Esses acessam o Pronaf e estão integrados ao mercado. Para esses é necessária uma ampla política que os ajude a organizarem agroindústrias na forma de cooperativas, para que fujam da exploração das grandes empresas transnacionais.

O MST está com uma ampla campanha de combate ao agrotóxico. Fortalecendo a agricultura familiar e a soberania alimentar também formas de lutar contra o uso indiscriminado de agrotóxicos? Por quê?
É fato de que as grandes propriedades não conseguem produzir sem venenos, pois o modelo de produção deles é o monocultivo, para buscar escala e lucro máximo. O Brasil se transformou no maior consumidor mundial de venenos, consumimos um bilhão de litros por ano. E nem por isso, aumentou a produção de alimentos.
Os únicos que conseguem produzir sem venenos, utilizando técnicas agroecologicas, agricultura diversificada e mão-de-obra intensiva é a agricultura familiar e camponesa. Daí, por trás do combate aos venenos, há uma luta de classes, de um lado as grandes empresas transnacionais produtoras de veneno e seus aliados, os fazendeiros monocultores; e de outro lado os camponeses e a sociedade brasileira que consome este alimento.


Nos últimos anos vários latifúndios foram flagrados exercendo o trabalho escravo. O que representa a aprovação da PEC 438 para a melhoria da vida no campo?
A PEC 438 é uma iniciativa de entidades da sociedade brasileira que através de alguns senadores progressistas, conseguimos em 2003 aprovar no senado, em dupla votação, a proposta de que todas as fazendas que fosse encontrado trabalho escravo deveriam ser expropriadas, como pena e distribuídas para reforma agrária. No entanto, desde 2003 esta parada na Câmara dos deputados, pela força da bancada ruralista, que durante todo o tempo chantageou o governo e a sociedade e assim não foi para votação. Esperamos que a nova composição do parlamento resultante das atuais eleições seja mais progressista e que tenhamos força de aprová-la e banir de vez o trabalho escravo de nossa sociedade.

Apesar de a reforma agrária ser um projeto capitalista, qual a importância de sua realização para o desenvolvimento de um Brasil mais justo e igualitário para todos os brasileiros?
Há muitas formas e projetos de reforma agrária. A expressão mais conhecida é a clássica, que foi implantada na Europa, Estados Unidos e no Japão, pelas burguesias, como uma necessidade de desenvolvimento do capitalismo industrial. Os burgueses, cientes de que precisavam de mercado interno para seus produtos, promoveram a reestruturação e democratização da propriedade da terra, como forma de distribuir terra e renda aos camponeses.
Por isso que as reformas agrárias estão na base de todos os países desenvolvidos e industrializados.
Aqui no Brasil a burguesia industrial nunca quis fazer reforma agrária. A única vez que chegamos mais perto foi na crise capitalista da década de 1960, quando o querido Celso Furtado propôs uma reforma agrária para sair da crise e criar mercado interno. E, em minha opinião, foi até hoje a proposta mais radical de reforma agrária que tivemos. Mas foi apresentada pelo governo ao povo, num grande comício dia 13 de março e no dia 1 de abril a burguesia com seus lacaios do norte, impôs um golpe militar
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Mas por que a burguesia não quis fazer reforma agrária?
Porque em vez de promover a expansão do mercado interno e ter lucro vendendo mais produtos, eles optaram por outro caminho. Aumentar seus lucros com baixos salários, mesmo que vendessem menos. Então, ao longo do século XX, após a revolução política promovida por Getulio Vargas, em 1930, que deu inicio a nossa industrialização tardia e dependente a burguesia passou a promover o êxodo rural, em vez de distribuir a terra aos camponeses, estimulando a saída dos camponeses pobres para a cidade, buscando formar o chamado Exercito Industrial de Reserva. Depois de tantos anos, os migrantes acabaram por pressionar os salários industriais para baixo. Por isso, até hoje, o ganho de um trabalhador das indústrias brasileiras são um quinto e às vezes até um décimo, do que ganha o mesmo operário, da mesma empresa, mas que trabalha na Europa ou Estados Unidos.
Hoje, já que a burguesia industrial não quer fazer a reforma agrária clássica, os movimentos camponeses brasileiros consideram, que então precisamos lutar por uma reforma agrária popular. Um modelo baseado na agricultura diversificada (em vez de monocultivo); priorizando a produção de alimentos para o mercado interno e alimentos sadios, garantindo a soberania nacional no controle das sementes. Propondo a necessidade de instalar pequenas e medias agroindústrias em todos os municípios do Brasil, na forma de cooperativas. Além de universalizar o acesso a educação em todos os níveis, para os trabalhadores do campo. Pois, para libertar as pessoas da opressão da humanidade, da humilhação e da exploração o conhecimento e a educação são tão importantes quanto ter terra.
Por isso, nosso programa de reforma agrária, agora, não é apenas distribuir terra, é mais amplo. E somente poderá ser alcançado com uma ampla aliança popular, de toda classe trabalhadora.


Até que ponto a realização da reforma agrária e do fortalecimento da agricultura familiar beneficia os moradores da cidade?
Tem tudo a ver com os trabalhadores da cidade e com a sociedade em geral. Parar o êxodo rural e garantir condições de vida para a população que vive no meio rural, já afeta imediatamente os níveis salariais pagos na indústria, como expliquei anteriormente. Ou seja, os salários da cidade, dependem do exercito de reserva e frear o êxodo aumenta, de imediato, os salários.
A democratização da terra vai influenciar na diminuição das favelas e do inchaço das grandes cidades. Além de criar condições para termos alimentos mais saudáveis. A população da cidade que compra barato azeite de soja, não sabe que compra junto veneno da Monsanto, da Bungue e isso, mais cedo ou mais tarde, vai ter efeito no seu organismo. Com uma reforma agrária, vamos garantir a melhoria alimentar e, consequentemente, influenciar na saúde da população e nos gastos públicos.

Nos últimos oito anos a reforma agrária não aconteceu, mas o país avançou em questões relacionadas a políticas públicas. O que o governo Lula representou para a luta do campo?
O governo Lula é um governo de composição de classes. Não foi um governo da classe trabalhadora e muito menos de esquerda. Foi um governo que tinha dentro dele, desde a burguesia internacional, setores da burguesia industrial brasileira, classe média e a classe trabalhadora do campo e da cidade. E por essa composição, representou uma situação de equilíbrio de forças, que ao longo dos oito anos, tivemos medidas que as vezes favoreciam o agronegócio, as vezes favoreciam os camponeses.
Assim, o agronegócio avançou durante o governo Lula, porque teve mais apoio de credito. O agronegócio nos impôs o maior consumo de venenos e as sementes transgênicas. Nos impôs o desmatamento e agressão ao meio ambiente. O agronegócio se expandiu no monocultivo pro etanol de exportação e ampliou as áreas de cana que só trazem pobreza.
Já a agricultura familiar e camponesa, tivemos a recuperação de políticas publicas, ou seja o estado começou a apoiar esse setor com medidas, não só do Pronaf, que como expliquei acima beneficiou uma parcela pequena do campesinato (apenas 1,2 milhões de famílias), mas poderia citar como políticas importantes, o Bolsa Família, que tirou milhões de famílias da fome, mesmo do meio rural e das pequenas cidades. A valorização do salário mínimo afetou diretamente milhões de aposentados no campo. Tivemos também as enormes conquistas dos programas Luz para todos e de compra de alimentos da CONAB, que compra produtos da agricultura familiar, porque o camponês é camponês, ele não é comerciante. Outra importante medida foi a garantia de que 30% de toda merenda escolar e das compras governamentais de alimentos tem que ser da agricultura familiar.
E por último, durante o governo Lula, os movimentos sociais não sofreram repressão do governo federal, foram tratados como interlocutores da população. A repressão ficou a cargo dos governos estaduais, que em alguns casos como no Rio grande do Sul, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, trataram as lutas sociais no cassetete.


O quadro que se desenha para o pleito 2010 é de que a população optou pela continuidade dos programas do governo Lula. A seu ver, o que isso representa para o luta do campo e o que os movimentos sociais podem esperar destes próximos quatro anos?
Particularmente estou vendo o próximo período com ótismismo. A burguesia brasileira é poderosa, econômica e politicamente porque continua controlando o estado brasileiro, mas é burra, e sofre as contradições da luta de classes. Durante as eleições, transformaram o Serra no porta-voz das teses de direita, e assim ficou mais claro para a classe trabalhadora, do que se tratava nas eleições. E com isso, acho que as urnas trarão mudanças nos governos federal, estaduais e no parlamento. Mudanças progressistas que representarão uma nova correlação de forças na institucionalidade, favorável a classe trabalhadora.
Precisamos aproveitar esse clima de debate político-ideológico para estimular que a classe trabalhadora, em todos os níveis, melhore sua organização e que possamos ter no próximo período um reascenso do movimento de massas, com isso conjugaríamos as forças necessárias para um programa de mudanças estruturais: a luta institucional, com a luta social.

XI Jornada do Trabalho


AVISO IMPORTANTE

DATA FINAL

ENVIO DE TRABALHOS COMPLETOS

01 DE OUTUBRO DE 2010

e-mail para recebimento de artigos:
artigoxijornadadotrabalho@gmail.com


Confiram mais informações em:
http://cegetparaiba.blogspot.com/

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

XI JORNADA DO TRABALHO - TRABALHO E ESCALAS DAS PRAXIS EMANCIPATÓRIAS: Autonomia de classe frente à territorialização do capital









XI JORNADA DO TRABALHO – CEGeT



TRABALHO E ESCALAS DAS PRAXIS EMANCIPATÓRIAS: Autonomia de
classe frente à territorialização do capital



www.fct.unesp.br/ceget



12 a 15 de Outubro de 2010


UFPB, Campus João Pessoa


PROGRAMAÇÃO


Dia 12/10


Tarde: 14hs – Credenciamento

Noite: 19hs – Abertura oficial da

XI Jornada do Trabalho

MESA 01: Práxis geográfica:

enfrentamentos e desafios teóricos

Profa. Alexandrina Luz Conceição

(UFS/Aracajú)

Prof. Manoel Fernandes (USP)

Coordenação: María Franco - CEGET Paraíba


Dia 13/10


Dia: 7hs – 17hs: TRABALHOS DE CAMPO

Noite: 19hs – Reunião interna do CEGeT


Dia 14/10


Manhã
: 8hs a 12hs -

GRUPOS DE TRABALHO


Tarde: 14: 30 – 17:30 - Exibição e debate

de produções audiovisuais


Tapioca com café: 18 hs


Noite: 19hs –


MESA 02: Capital, produção

camponesa e territorialidades:

destruição e resposta social,

degradação e preservação ambiental

Prof. Marcelo Mendonça (UFG/ Catalão)

Prof. Ivan Targino Moreira (UFPB/JP)

CPT Paraíba


Coordenação: Profa. Maria Ester

Ferreira da Silva – Grupo Estado, Capital,

Trabalho – NPGEO/UFS, UFAL


Dia 15/10


Manhã: 8hs a 12hs -

GRUPOS DE TRABALHO

Tarde: 14: 30 – 17:30 -

Exibição e debate de produções audiovisuais


Tapioca com café: 18 hs


Noite: 19hs –

MESA 03: Crise estrutural do capital,

limites históricos e construção

de resistências


Prof. Ivo Tonet (UFAL/Maceió)

Prof. Antonio Thomaz Júnior (UNESP/PP)


Via Campesina/MST-Paraíba


Coordenação: Prof. José Alves Bairral

CEGeT/Presidente Prudente

sábado, 18 de setembro de 2010

I Encontro de Estudos e Pesquisas sobre Questão Agrária e Educação do


O I Encontro de Estudos e Pesquisas sobre Questão Agrária e Educação do Campo no Maranhão tem como
objetivo reunir pesquisadores e demais estudiosos interessados no debate acerca das questões teórico-metodológicas da pesquisa na área de reforma agrária e educação do campo, constituindo-se em importante estratégia de intercâmbio de experiências e fortalecimento da articulação entre universidade e sociedade, particularmente com pesquisadores, organizações de trabalhadores e movimentos sociais do campo no desenvolvimento de estudos e pesquisas voltados às políticas públicas.
O encontro é uma iniciativa do Núcleo de Estudos e Pesquisas em História, Política, Educação e Cultura do Campo, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFMA. Será sediado pela Universidade Federal do Maranhão e se realizará no mês de novembro de 2010, com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMA, da Assessoria Especial de Interiorização, do PRONERA/MA, do PROCAMPO/MA e do INCRA.
Outras informações clique aqui.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Metalúrgicos ameaçam montadoras com greve


Acabou a lua de mel entre as empresas e os sindicalistas, que subiram o tom nas mesas de negociação das campanhas salariais deste ano. A reportagem é de Lino Rodrigues e Cássia Almeida e publicada pelo jornal O Globo, 11-09-2010.

Com a situação econômica favorável, grandes categorias como os metalúrgicos da região do ABC paulista começaram a cruzar os braços esta semana para forçar as montadoras, cujas vendas batem recordes sucessivos, a negociar condições mais vantajosas.
Ontem, os trabalhadores da Ford de São Bernardo do Campo interromperam a produção por duas horas no turno da manhã. Eles protestavam porque o sindicato patronal sequer apresentou uma proposta de reajuste salarial aos empregados, que têm data base em 1.º de setembro. Na quinta-feira, as linhas de montagem da Mercedes Benz, daVolkswagen e da Scania já haviam sido paralisadas pelo mesmo motivo.
Hoje, em uma nova assembleia, marcada para as 10h, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não descarta a apresentação de uma proposta de greve por tempo indeterminado, a partir da próxima segunda-feira.
— Existe a possibilidade de greve, caso as bancadas patronais não apresentem proposta até o horário da assembleia.
Resumindo: ou tem proposta, ou tem greve — disse o presidente do sindicato, Sérgio Nobre, ontem no fim da tarde, preparando-se para uma longa negociação que prometia avançar madrugada adentro.

Funcionários da LG em Taubaté fazem paralisação

A pressão dos sindicatos não é exclusividade do setor automobilístico.
Funcionários da LG de Taubaté também estão promovendo paralisações, para que a empresa apresente uma nova proposta de reajuste. Amanhã, numa nova assembleia o sindicato local deve colocar em votação proposta de greve aos 2,4 mil funcionários da empresa.
Os bancários, em campanha nacional que envolve mais de 400 mil trabalhadores, também estão empenhados em conseguir 11% de reajuste salarial, além de outros benefícios como a melhoria da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e valorização dos pisos, além de auxílio educação e mudanças na política de relações de trabalho, para inibir o assédio moral e as doenças ocupacionais. Mas as conversas com o sindicato patronal pouco avançaram, apesar dos resultados recordes alcançados pelos bancos.
— Os bancos não estão levando a sério nossas reivindicações.
Cerca de 1.200 bancários são afastados por doença mensalmente, metade com LER/DORT e doenças psíquicas.
A categoria está pronta para uma greve ainda maior que a de 2009 — advertiu Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Magnus Apostólico, diretor de Relações de Trabalho da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), diz que 11% de aumento é inviável:
— Essa proposta não tem viabilidade diante de uma inflação próxima de 4%. Temos que trazer esse número para realidade.
Segundo Apostólico, sobre a questão de saúde, há um trabalho que cria canais de comunicação seguros para as denúncias de assédio moral, com prazo para obter solução.

Fim de semana será decisivo, diz sindicato dos metalúrgicos

Ainda na região do ABC, empresas dos chamados Grupos 2 (máquinas, aparelhos elétricos e eletrônicos) e 10 (serralherias, lâmpadas e prensas) já entregaram comunicado de greve para os representantes das bancadas patronais com prazo de 48 horas para definir uma proposta.
Hoje, se não houver uma proposta para votar na assembleia, marcada para esta manhã, os trabalhadores vão cruzar os braços por tempo indeterminado.
Em São José dos Campos e Taubaté, onde GM, Volkswagen e Ford têm unidades, os trabalhadores ainda estão sem proposta das montadoras, e marcaram assembleias para este fim de semana.
Na região da grande Curitiba, no Paraná, a situação dos cerca de 10 mil metalúrgicos que trabalham nas montadoras Renault, Volks e Volvo não é diferente. Também à espera de uma proposta do sindicato patronal, eles fazem votações hoje para forçar uma definição por parte das empresas.
As negociações com o sindicato patronal não avançaram e o Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba e Região passou a negociar diretamente com as empresas.
A proposta da entidade é de 12% de reajuste, sendo 7% de aumento real, abono salarial de R$ 4.200, e alta de 15% no piso salarial da categoria.
— Será um fim de semana decisivo para a categoria dos metalúrgicos — disse o presidente da Federação dos Metalúrgicos, da Central Única dos Trabalhadores (Fem-CUT), Valmir Marques, que espera uma proposta de no mínimo 9% de reajuste nos salários, percentual negociado e aceito pelos trabalhadores de autopeças.
Outra categoria em plena campanha são os petroleiros — mais de cem mil trabalhadores entre próprios e terceirizados e já fizeram uma paralisação de advertência na sexta-feira retrasada.
Eles pedem reposição de 5% de inflação e 10% de ganho real.