
Lançamento No. 3
Dossier EspecialTrabalho, Educação e Formação Profissional
Ano I - Número 3 - Novembro de 2008
ISSN 1982-9884
Clique Aqui
No intuito de promover o etanol brasileiro, vendendo a imagem de sua imaculada sustentabilidade, o Ministério brasileiro das Relações Exteriores convocou para os dias 17 a 21 de novembro uma Conferência Internacional intitulada“Biocombustíveis como vetor do Desenvolvimento Sustentável”. Na oportunidade, o subsecretário-geral de Energia e Alta Tecnologia do Itamaraty, coordenador do evento, embaixador André Amado, acaba de rejeitar em bloco qualquer alegação de existência de trabalho escravo no setor de produção de açúcar e álcool. Disse-se “um pouco indignado” pela campanha de “denegrimento” (sic) que visaria o setor com base em denúncias infundadas e confusões conceituais cuja origem não chegou a detalhar.
Conforme dados do Ministério do Trabalho, de janeiro de 2003 a outubro de 2008, 25 operações do Grupo Móvel de Fiscalização, integrado por inspetores do trabalho, procuradores do trabalho e policiais federais, resgataram de condição análoga à de escravo 6.779 trabalhadores em canaviais dos estados de Goiás (6 casos), São Paulo (4), Alagoas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul (3 em cada), Rio de janeiro (2), além de Ceará, Minas Gerais, Paraná e Pará (1 em cada).
O Grupo Móvel de Fiscalização do Ministério do Trabalho é instrumento capital no enfrentamento ao trabalho escravo; tem merecido desde sua criação, em 1995, os elogios de inúmeros especialistas, entre outros da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Sua atuação independente já resultou na libertação de mais de 32.500 brasileiros, a maioria deles a partir de 2003 (82% do total) quando a fiscalização foi intensificada.
A mudança crucial nestes anos foi o crescimento brutal das ocorrências flagradas no setor sucro-alcooleiro: a proporção de trabalhadores libertados de situação análoga à de escravo passou de 10% do total no período 2003-2006 (1.605 resgatados) para 51% em 2007 (3.060) e já está em 52% nos primeiros 10 meses de 2008 (2.114). Para os mesmos períodos, os flagrantes no setor passaram de 1% do total a 5% e 9%. No acumulado do período 2003-2008, as ocorrências comprovadas na cana-de-açúcar – atividade geralmente concentrada em extensas plantações - representaram 26% dos libertados e 3% dos casos flagrados, enquanto chegavam a 33% dos libertados e 60% dos casos na pecuária. Lavouras de grãos e carvão vegetal somaram outros 22% dos libertados e 22% dos casos.
120 anos após a Lei Áurea ninguém se orgulha por tais números. A preocupação é com a erradicação efetiva de uma prática que, contraditoriamente, o MRE reconhece no seu website[i], qualificando-a como “residual”’, ao aludir à libertação de “apenas” 289 cortadores de cana em canaviais paulistas. Passos significativos foram dados nos últimos anos, particularmente a partir da divulgação da conhecida ‘lista suja’ (atualmente com 4 integrantes do setor sucro-alcooleiro) com seus dissuasivos desdobramentos práticos: cortes de financiamentos, vedação de contratos, suspensão de negócios ao longo das cadeias produtivas envolvidas. Um Pacto Nacional contra o trabalho escravo, com mais de 200 empresas e instituições signatárias, bem como a adoção recente de vários Planos e leis estaduais corroboram o esforço nacional para a erradicação do trabalho escravo, também reafirmado no 2° Plano Nacional preparado pela Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE) e lançado há pouco pelo Governo Federal.
Sem surpresa - se considerados os interesses em jogo - as tentativas para desacreditar e derrotar a política nacional de combate ao trabalho escravo não faltaram nestes anos: Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a 'Lista Suja', bloqueio de mais de 13 anos contra a aprovação da PEC 438/2001 ‘do confisco das terras’, ataque virulento, porém fracassado de um grupo de senadores após a fiscalização da Usina Pagrisa (PA).
O escândalo é o Ministério das Relações Exteriores juntar sua voz a um restrito coro formado por setores da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e seus representantes na bancada ruralista do Congresso.
O escândalo é um Ministério (MRE) desmerecer a ação corajosa e isenta conduzida por outros membros do mesmo Governo (MTE, MJ, SEDH) e o Ministério Público do Trabalho e não provocar nenhuma reação oficial.
Ao contrário das afirmações do embaixador Amado, a política nacional de erradicação do trabalho escravo, inclusive no setor canavieiro, se baseia em fatos, não em alegações. E o conceito de trabalho escravo orientando a qualificação destes fatos não é nem confuso, nem vago. É definido pela Lei 10.803/2003 e amparado em Convenções internacionais ratificadas pelo Brasil, particularmente junto à OIT. E está sendo fiscalizado por servidores preparados e isentos. Conforme esclarece o procurador do trabalho Luis Camargo, na formulação atual do Art. 149 do Código Penal, a condição análoga à de escravo é o gênero, sendo suas espécies o trabalho forçado e o trabalho degradante. Com isso, claramente, o legislador brasileiro enfatiza não apenas a supressão da liberdade individual do trabalhador, mas, sobretudo, a garantia da dignidade deste mesmo trabalhador.
Não há argumento para mitigar a caracterização de situações em que, transportados e alojados pior que animais, pressionados pelo pagamento por produção e pela corrida desenfreada por produtividade, cortadores de cana são obrigados a trabalhar até à exaustão, em jornadas ilimitadas, com registro de várias mortes. Sem levar em conta este custo, não há como dissertar sobre as vantagens comparativas do açúcar e do etanol brasileiro no mercado global.
A Comissão Pastoral da Terra recusa a opção enganosa que querem nos impor entre produzir a contento ou lutar por dignidade, e denuncia a perversa manobra em curso. Voltamos a questionar: será que, em nome dos imediatos interesses do setor dos agro-combustíveis, a ele tudo deve ser permitido? Baixar a guarda neste momento no combate à escravidão, por mero oportunismo mercantil, não prepara dificuldades bem piores para o país? Qual é a palavra do Governo sobre isso?
Não deveria o Brasil buscar nas oportunidades de que dispõe no mercado mundial um “vetor” para corrigir de vez as conhecidas mazelas de um modelo de desenvolvimento incompatível com as universais exigências de dignidade no trabalho (bem como de sustentabilidade ambiental)? Ou, por teimosa cegueira, preferimos que concorrentes se valham contra nós da arma que lhes oferecemos?
Goiânia, 17 de novembro de 2008.
Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra
Campanha Nacional contra o Trabalho Escravo
Maiores informações:
Xavier Plassat – CPT Araguaia/Tocantins e coordenação da Campanha Nacional da CPT de Combate ao Trabalho Escravo – (63) 3412-3200 / 9221-9957
José Batista Afonso – CPT Marabá – (94) 3321-2229 / 9141-8484
Marluce Melo – CPT Nordeste II – (81) 8893-4176
Carlos Lima – CPT Alagoas – (82) 9127-5773
Cristiane Passos ou Marília Almeida – Assessoria de Comunicação da Secretaria Nacional da CPT - (62) 4008-6406
[i] http://www.mre.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1795&Itemid=1520
-------- http://www.midiaindependente.org --------
1) RENASCE O MOVIMENTO DE MULHERES INDÍGENAS NA FLOR DA PALAVRA DE TEFÉ.Aconteceu de 13 a 15 de novembro, em Tefé, Amazonas, a Flor da Palavra + Assembléia da Associação Cultural dos Povos Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (ACPIMSA - de 13 a 14) + Assembléia da Associação das Mulheres Indígenas do Médio Solimões e Afluentes (AMINSA - dia 15).
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/434003.shtml
2) A NOSSA FOME NÃO PODE DAR LUCRO!
Na manhã de 19 de novembro, às 9 horas, mais de 500 famílias do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e da APA (Associação Periferia Ativa) ocuparam simultaneamente os SUPERMERCADOS EXTRA e CARREFOUR. Ocuparam o supermercado Extra da Estrada do Campo Limpo, na divisa com Taboão da Serra e o Carrefour da Giovani Gronchi, ao lado do terminal João Dias.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/433902.shtml
3) COMEÇA NA UNIVERSIDAD DE LA TIERRA O XI CONGRESSO INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA SOCIAL DA LIBERTAÇÃO.
Desde as 8 da manhã tem chegaram na entrada da Universidad de La tierra-CIDECI companheiros e companheiras participantes do IX Congresso Internacional de Psicologia Social da Libertação, que se iniciou dia 11/11 a se prolongou até domingo, dia 16/11.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/433601.shtml
4) MANIFESTANTES IMPEDEM NOVAMENTE A ABERTURA DA FARSA VERDE.
Na terça-feira,12/11 em Vitória - ES, um grupo de aproximadamente 50 manifestantes, vestidos à carater, provocou o cancelamento da abertura da maior mentira ambiental do estado, a Feira do Verde, também conhecida por Farsa do Verde.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/433412.shtml
5) VEM AÍ FLOR DA PALAVRA EM ASSENTAMENTO DO MST.
Na segunda-feira, 17/11, teve vez uma Flor da Palavra na Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (Copavi-MST)em Paranacity, região de Maringá-PR.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/433400.shtml
6) POLÍCIA E REITORIA FEREM AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E CENSURAM GRUPO DE ESTUDOS NA INTERNET.
No dia 06/08/08, a Policia Civil do 7º DP de Barão Geraldo (Campinas) apreendeu o servidor de internet do Grupo de Estudos Saravá que estava hospedado no IFCH - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, devido a uma denúncia feita pela reitoria da mesma universidade.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/433184.shtml
7) VIOLÊNCIA DA POLÍCIA FEDERAL CONTRA OS TUPINANBÁ*
* Pronunciamento da Comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/432966.shtml
8) AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROJETO AZEREDO.
O substitutivo proposto pelo deputado Eduardo Azeredo como lei dos cibercrimes no Brasil foi debatido em audiência pública no dia 13 de novembro às 9:30 na Câmara dos Deputados, Brasília.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/432965.shtml
9) CORTADORES/AS DE CANA EM GREVE NA USINA DECASA.
Na manhã do dia, 04 de novembro, cerca de 10 turmas de cortadores de cana cruzaram os braços nas Usinas de Açúcar e Álcool e Biodiesel Decasa, localizada no município de Caiuá interior de São Paulo.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/432945.shtml
10) I ENCONTRO LIBERTÁRIO: ANARQUISMO E MOVIMENTOS SOCIAIS - FORTALEZA-CE.
De 08 a 11 de dezembro, a Organização Resistência Libertária (ORL) estará realizando em Fortaleza o I Encontro Libertário: Anarquismo e Movimentos Sociais.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/432689.shtml
11) "NÃO PAGAREMOS A CRISE DE VOCÊS!"
A Itália está vivendo um período agitado de revolta contra a chamada reforma Gelmini, que reúne um amplo movimento de estudantes universitários e de escola primária, mas também de professores, pais, empregados da universidade e sindicatos.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/11/432599.shtml
12) 4ª SEMANA DE LUTA PELO PASSE LIVRE.
Pelo quarto ano seguido o Movimento Passe Livre organizou manifestações na semana do 26 de outubro, data escolhida para simbolizar o dia de luta nacional pela gratuidade no transporte coletivo.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/10/432088.shtml
13) 27 DE OUTUBRO - CONTRA AS PRISÕES ARBITRÁRIAS DO GOVERNO MEXICANO!
Há dois anos, durante o levante popular de Oaxaca, México, tombou Brad Will, voluntário da Rede Indymedia. Brad filmou a própria morte e os agentes do governo que atiraram contra a barricada, atingindo-o no peito.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/10/432084.shtml
14) DESOCUPAÇÃO DE EXTREMA VIOLÊNCIA NA CIDADE "MODELO"
Na manhã do dia 23 de Outubro, às 7:30 da manhã cerca de 1500 policiais da Polícia Militar deram início a desocupação da área vila Alta Floresta em Curitiba-PR. Moradores fizeram uma barreira simbólica representando a resistência e luta pela moradia.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/10/431878.shtml
15) LEIA E DISTRIBUA O JORNAL PASSE Nº2, DO MOVIMENTO PASSE LIVRE DESÃO PAULO.
Já está disponível o segundo número do jornal PASSE, do Movimento Passe Livre de São Paulo. Para ler e passar adiante.
Matéria completa: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2008/10/431715.shtml
(c) Copyleft Centro de Mídia Independente.
É livre a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.
www.midiaindependente.org
ESCRITO POR VALÉRIA NADER E GABRIEL BRITO
12-NOV-2008 – fonte: correio da cidadania
A semana que passou foi movimentada nos corredores de algumas das grandes instituições financeiras que conhecemos. Enquanto Itaú e Unibanco selaram negócio que os faz, em conjunto, o maior banco do país, o governo federal já acertou com o paulista a aquisição da Nossa Caixa por parte do Banco do Brasil. E para analisar a venda do último banco público do estado, o Correio da Cidadania conversou com Dirceu Travesso, sindicalista ligado ao PSTU, demitido do banco em maio deste ano.
Para Travesso, o atual momento de crise financeira ensejaria ainda mais a manutenção da Nossa Caixa na condição de banco de fomento, pois serviria para fornecer crédito a grandes parcelas da população em época de escassez de crédito. Em meio a temas de conjuntura, Dirceu também prevê uma maior concentração do capital nos próximos anos, inerente ao capitalismo, acompanhada de um violento ataque aos direitos dos trabalhadores em geral.
Por fim, o sindicalista destacou que as medidas tomadas pelo governo, a exemplo da venda da Nossa Caixa, atendem somente às demandas financistas, em detrimento das necessidades da população, o que configuraria um chamado para que estas parcelas retomem as lutas sindicais e grandes mobilizações.
Correio da Cidadania: Em entrevista a este Correio em maio deste ano, você já destacava que o processo de compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil não seguia uma lógica de fortalecimento do banco público, mas a lógica de disputa de mercado. Ademais, São Paulo perderia definitivamente a possibilidade de ter um banco público de fomento. Agora Lula e Serra parecem já ter acertado a operação. Em meio à atual conjuntura de crise econômica e travamento do crédito, ela seria mais justificável?
Dirceu Travesso: Não, bem pelo contrário. A aparência da crise é de crédito fiscal e financeiro, mas estes são apenas uma parte da crise. Essa Medida Provisória (MP 443) é um escândalo. Em que sentido? Não que o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal não pudessem intervir no sistema financeiro, pelo contrário, é absolutamente necessário. A crise que vemos é o desdobramento da crise do capital potencializada pela concentração do capital financeiro, e pela especulação e o cassino em que transformaram a economia, tornando, em nível internacional, completamente irreal a relação entre emissão de papéis e especulação e economia real.
O que se vê hoje - o governo liberando bilhões para os banqueiros - é um escárnio. O que deveria estar em discussão no momento é a estatização do sistema financeiro. O que fez Bush nos EUA, Brown na Inglaterra, além de outros governos financeiros, não é a estatização do sistema financeiro, mas sim dos prejuízos da banca privada.
Ou seja, passamos duas, três décadas debatendo a necessidade de dinheiro para saúde, educação, para os problemas estruturais do povo brasileiro, e o argumento era o de que não havia dinheiro. Quando aparecem os banqueiros com uma crise gerada pela especulação e pela lucratividade estupenda que vinham tendo, tradicional problema da superprodução e queda da taxa de lucros exponencializada pela concentração, qual a resposta do governo? O dinheiro que não existia para resolver o problema dos trabalhadores aparece para "socializar" o prejuízo e manter o patrimônio e a propriedade dos banqueiros privados.
Dentro de tal lógica, mais do que nunca, se há algum banco seguro e que pode dar garantias de crédito e das necessidades da população, é um banco público, garantindo tudo isso a partir de políticas públicas. O que vale também neste momento, quando estão vendendo o último banco público de São Paulo, sob a mesma lógica.
É muito interessante ver que, não à toa, no momento em que aparece a fusão Itaú/Unibanco, a resposta é o Banco do Brasil rapidamente avançar na negociação da Nossa Caixa. Confirma aquilo que dizíamos: a lógica desta compra não é o fortalecimento do sistema financeiro público, pelo contrário, é fortalecer um pólo, dentro da lógica privada do sistema financeiro.
Portanto, creio ser o inverso. Mais do que nunca, deveriam estatizar os bancos privados e discutir no Conseg que não é o momento de se vender o banco público, mas sim de fortalecê-lo, ainda mais no estado de São Paulo. Em suma, manter o BB e fortalecer a Nossa Caixa, e não entrar numa lógica de enxugamento.
Simultaneamente, do outro lado, aparece essa lógica de concentração, o que configura uma hipocrisia total, pois agora escutamos o discurso de que é preciso regular o sistema financeiro, estabelecer regras, mas ao mesmo tempo o movimento subsidiado pelo dinheiro público é o da concentração. O Unibanco e o Itaú foram beneficiados, com dinheiro público, pela operação que realizaram, em R$ 8 bilhões segundo as contas já feitas. Para quê? Para ter um banco mais concentrado. E quanto maior a concentração do capital, menor a possibilidade de se exercer qualquer controle sobre ele.
CC: Desta forma, a fusão entre o Unibanco e o Itaú, tão saudada pelos mercados, é apenas o começo de uma fase de intensa concentração bancária, como uma nova onda de fusões e aquisições?
DT: A lógica do capital é aumentar a concentração. Em tempos de crise alguns ficam em dificuldade e, como é clássico, eles têm a necessidade de recompor sua taxa de lucros, tentando aumentar o nível de exploração. Enquanto isso, alguns deles de fato entram em dificuldades. Não estamos falando de passar fome, obviamente, mas que simplesmente perderão um pouco de seu patrimônio. Em momentos assim, a saída deles é mais concentração e fusões, o que vai na contramão do discurso difundido, que prega controle, democratização etc., pois a saída real é concentração maior de capital. E o sistema financeiro é a expressão disso.
Ea fusão é exatamente isso, saudada pelos mercados. Eles, durante anos, saudaram o liberalismo financeiro, a desregulamentação total, a fragilização das políticas de proteção do crédito nacional, das empresas públicas, enfim, durante anos os mercados cantaram, e alto, a lógica liberalizante, sem nenhum critério, e com regras subordinadas ao sistema financeiro.
E por que eles saúdam tanto este momento? Porque é a saída, na lógica do mercado. Essa discussão é importante pelo seguinte: na lógica dos capitalistas, tal saída é corretíssima, é o que garante a propriedade financeira e a lucratividade deles, o patrimônio.
Não está correto para aqueles que defendem outra lógica, aquela contrária à agiotagem e à especulação, e que busca a construção do mercado de crédito para a população, desenvolvendo a economia e gerando empregos.
Nossa lógica é outra, completamente diferente, e infelizmente o governo Lula reproduz a política dos grandes capitalistas internacionais – Bush, Brown, Sarkozy, qualquer um deles.
CC: Em sua opinião, a MP 443, através da qual o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal podem comprar ações de instituições financeiras em dificuldades sem abertura de licitação teria sido feita com o objetivo, entre outros, de facilitar a venda da Caixa ao BB?
DT: Acho que não foi este o elemento decisivo. Creio que o elemento fundamental foi o de jogar a bóia para os banqueiros privados. A negociação do Votorantim, e vários outros, serve para atestar. O buchicho vinha rolando, há pouco mais de um mês já havia a discussão de que alguns bancos brasileiros estariam quebrados. Os pequenos certamente, e entre os médios e grandes se falava do Unibanco - não é à toa que apareceu agora a fusão, que pode ser definida assim em sua fórmula, mas que na prática foi uma compra, com aumento de concentração.
Não creio que o centro da MP tenha sido a negociação da Nossa Caixa. O centro, o porquê de a editarem, é a necessidade que tinham de, agora que veio a ressaca, jogar uma bóia para salvar os agiotas, internacionais e nacionais, e os banqueiros depois da especulação e da farra do boi que promoveram.
Neste momento, a teoria do Estado-mínimo vai para o saco. Passam o tempo todo falando em Estado-mínimo, reivindicando o máximo para o mercado e o capital. No entanto, quando chega a hora do prejuízo, o Estado tem de ser máximo - para garantir o deles, não o da população. Para esta, deve continuar mínimo, cortando dinheiro de saúde, educação. Já para garantir às empresas privadas a lucratividade do grande capital, o Estado deve socorrer e intervir.
Esse elemento da Nossa Caixa até está presente na MP, mas não é o centro, infelizmente. Poderia até ser, na forma de o governo responder a algum problema específico, mas é bem pior, é para de fato garantir os banqueiros privados.
CC: Qual será a repercussão de um eventual reforço da concentração bancária nos índices de emprego?
DT: Não tenho dúvidas de que reflete em tudo. Não somente na categoria bancária, pois ela é decorrência do problema global. Falando na lógica neoliberal, de quem defende o capitalismo, para quem a livre concorrência e a disputa entre empresas são saudáveis, vai diminuir o crédito. E dentro disso, o que a concentração fará? Diminuirá a concorrência.
Portanto, é evidente que esses grandes monopólios que vão se constituindo - com o volume de dinheiro envolvido e a capacidade de manipular o mercado e estabelecer regras que ninguém consegue questionar nem debater -, crescendo até chegar num patamar que não se pode manter. Ao invés de dois bancos, fica um só. E muito maior, com capacidade de impor mais regras na medida em que diminuirão as alternativas disponíveis, algo matemático.
A conseqüência de tudo é mais exploração sobre o conjunto da sociedade com a taxa de juros elevada, diminuição do crédito e, por conseguinte, desemprego, no que se inclui a categoria bancária.
CC: Dessa forma, pode-se acreditar que essas taxas de juros cobradas aos usuários do sistema financeiro poderão ser fortemente incrementadas, não?
DT: O fato de haver concentração não quer dizer que necessariamente jogarão a taxa de juros lá no alto. Ao menos de forma imediata. Já aumentaram um pouco, mas, ao mesmo tempo, com o problema da recessão, há uma tentativa de minimamente aumentar o crédito.
Em relação ao crédito privado, não. Vai se retrair como aconteceu agora. Nesses dias já vimos a palhaçada. Depois o Lula fez beicinho por ter liberado todo aquele dinheiro para os bancos. Só que eles não repassam. Na verdade, pegam esse dinheiro e investem nos papéis do governo, que são garantidos. Melhor do que emprestar dinheiro por aí sem saber o que acontecerá com o crédito.
Mesmo que a crise ainda não tenha batido aqui de forma categórica, só o fato de começarem algumas férias coletivas fez os setores da classe se tocarem sobre o que está realmente por vir. Já começaram a aparecer indicativos de mudança no padrão do consumo, as pessoas já estão parando de comprar a crédito...
A política do governo é escandalosa. Na semana passada se anunciou que o Banco do Brasil vai liberar R$ 4 bilhões para as montadoras. Na mesma semana, a imprensa divulgou que as montadoras tinham enviado cerca de outros R$ 4 bilhões para o exterior como remessa de lucros. Assim, era melhor o governo enviar o dinheiro direto, ante a dificuldade das montadoras. Porque elas não seguraram esse dinheiro de seus lucros para investir no Brasil? Porque remeteram, como lucros, para o exterior, enquanto o Lula libera dinheiro para que eles tentem manter minimamente o patamar de crédito e desovar até o fim do ano tudo o que já produziram, já que começaram a sentir o baque.
CC: Sendo irreversível um aumento da concentração bancária nesse momento, o que poderia tornar mais palatável os processos de fusão? Haveria como adotar salvaguardas para os funcionários e para a população usuária do sistema financeiro?
DT: Na lógica do capital não há nada que vá tornar mais palatável o avanço de uma mudança como essa, pois sua lógica é de exploração e aumento da extração da mais-valia. Neste contexto, se colocam uma flor no meio do chiqueiro, ela parece mais bonita.
Dentro disso, vamos levantar nossas bandeiras. Precisamos mostrar de forma categórica que a saída para a crise não é o que está sendo feito. Para a nossa crise, a dos trabalhadores, para o desemprego, a fome, a miséria, a falta de dinheiro para saúde, educação e investimento público, não é essa a saída. A saída seria dinheiro para o âmbito das obras públicas, construção e geração de empregos, para a saúde, não para os bancos. Deixem os banqueiros quebrarem. Estatizem o banco e que esse dinheiro público que está sendo colocado para remediar a crise seja usado diretamente pelo Estado, investindo numa relação de prioridade e não com o objetivo de gerar lucro, ou seja, investimento para gerar empregos e políticas públicas para a população. Essa é a saída global, mas que não será implementada agora.
Neste marco, nós vamos lutar pela estabilidade, mas não fazendo acordos com o banqueiro em troca de estabilidade, pois isso é convidar as pessoas a acreditarem em Papai Noel e coelhinho da Páscoa. Não é da lógica deles. Dizer que é possível dar dinheiro ao banqueiro para que ele me garanta estabilidade não quer dizer que não devemos lutar por ela. Temos de batalhar, independentemente do que o Lula faz. Não podemos nos contentar em dizer "ah, tenho estabilidade, então podem dar 60, 70 bilhões para o banqueiro". Até porque este é um dinheiro do conjunto da sociedade. Ou seja, não posso dizer "não me mate aqui dentro da minha casa, mas pode exterminar a vizinhança inteira".
A única possibilidade de discutir a defesa do conjunto é nos colocarmos nos marcos de uma política que não aceita que este dinheiro vá para banqueiros, mas sim para o conjunto da população.
CC: Finalmente, está prestes a encerrar a greve bancária. Qual o saldo desse movimento, a seu ver?
DT: Creio que a greve teve conquistas parciais importantes, até pela situação da conjuntura. Mais uma vez a direção atrapalhou a luta da categoria, pois postergou e empurrou a possibilidade da greve. Acho que o ocorrido não estava na conta deles, que trabalhavam com o problema do calendário eleitoral e por isso foram postergando um processo mais intenso de luta.
Quando a greve explodiu, eles ficaram numa situação difícil, pois a crise econômica estourou na seqüência e evidentemente dificultou as negociações, endurecendo mais a conjuntura das concessões que vinham sendo feitas até então. Portanto, dentro deste contexto, ter arrancado reajuste é uma conquista da categoria. Parcial, mas ainda assim uma conquista, que foi a expressão da luta.
No entanto, mais uma vez se desnuda um debate importantíssimo. Para que se obtenham vitórias, os trabalhadores deste período têm colocada a necessidade de retomarem seus organismos de representação. De possuírem sindicatos independentes de governos e patrões, de uma organização democrática. Enfim, é o grande debate que deve ser feito.
O que se conseguiu foi uma vitória parcial importante, mas o que digo é que tal triunfo foi atenuado, pois, se a campanha salarial já tivesse se iniciado em agosto ou no começo de setembro, teríamos provavelmente saído da greve com um reajuste da proporção dos metalúrgicos ou das montadoras, cujas negociações atingiram cerca de 11%. Para os bancários ficou em 10% - para quem ganha até certo patamar, porque para os outros ficou em 8,5%. É uma vitória parcial considerando-se que já havia explodido a crise. E o elemento de parcialidade, essa limitação, é proporcionado mais uma vez por uma direção inconseqüente, que em função de seus interesses retardou a campanha e acabou prejudicando a categoria.
CC: E o que você vislumbra com relação aos próximos tempos de lutas para a classe?
DT: Imagino muitas dificuldades. Os ataques aumentarão a um nível e proporção cuja dimensão ainda não temos. Essa crise do capital é seríssima. Apesar de todas as declarações, não é só uma crise financeira, o centro dela é a crise de superprodução do capital e a saída clássica será, necessariamente, o aumento da exploração, em patamares muito elevados.
Creio que seria um tanto aventureiro querer anunciar todos os detalhes e prognósticos de evolução de tal processo. O que está claro é que virá um ataque brutal. Para aumentar a remuneração dos banqueiros, vão tirar de onde? Na semana passada, já se noticiou que as capitais começaram a discutir remanejamento de dinheiro. Significa liberar dinheiro público para garantir os banqueiros, tirando da saúde, da educação, como fizeram nos últimos anos, porém em níveis muito maiores.
Já vemos as férias coletivas sendo dadas, os cortes na produção de aço, enfim, isso é recessão. Dentro de tal quadro, é necessário buscar desde já um debate estratégico de saída para a crise.
Como se dará o processo ainda não sabemos, precisamos observar. Às vezes, num momento de crise, há uma retração dos movimentos por conta do problema do desemprego, enquanto em outros explodem grandes mobilizações. Já em algumas ocasiões, acontece uma diminuição da luta sindical que desemboca em organizações populares muito radicalizadas, conforme nos mostra a história.
O que precisamos fazer é evitar o apego a alguma fórmula. Ter a clareza de que os ataques aumentarão, assim como as contradições, e dentro disso teremos de estimular a possibilidade de luta de resistência e enfrentamentos ao aumento da exploração sobre o conjunto da população. Pela via que se nos apresentar.
Gabriel Brito é jornalista; Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania.
El próximo día 6 de noviembre se inicia el V Congreso Internacional EUMEDNET sobre Migraciones, causas y consecuencias que empieza el 6 de noviembre. Es un Congreso que se realiza íntegramente a través de Internet y está abierto a la participación como simple espectador de cualquier persona interesada. Vea más información en
http://www.eumed.net/eve/5migra.htm
================================
En este mensaje se ofrece acceso gratis y sin necesidad de inscripción a los textos completos de más de quinientos libros y miles de artículos de economía, historia, gestión de empresas, derecho, antropología y otras ciencias sociales. En los últimos 20 días se han añadido a nuestro sitio diez nuevos libros, cinco tesis doctorales y 56 artículos.
Puede acceder a todos esos textos desde www.eumed.net/novedades.htm
EUMEDNET no tiene fines de lucro y desarrolla su actividad gracias al apoyo de la Universidad de Málaga y de la Fundación Universitaria Andaluza "Inca Garcilaso" (FUAIG).
Por favor, divulgue nuestros servicios poniendo enlaces a nuestras páginas en sus Blogs o sitios web.
================================
Nuevos textos introducidos en la Enciclopedia y Biblioteca Virtual de EUMEDNET del 10 de octubre hasta hoy.
En la " Biblioteca Virtual de Ciencias Jurídicas, Económicas y Sociales"
448Análisis de la población económicamente activa de la provincia de Arequipa - 2004
Luis A. Arrieta Muñoz Najar y Deymor B. Centty Villafuerte
447Uso eficiente da água: aspectos teóricos e práticos
José Dantas Neto
446Desarrollo y comportamiento de la motivación en el trabajo
Ma. Teresa Uscanga Guevara y Arturo García Santillán
445Estudios y ensayos críticos sobre la cultura en Guanajuato: prácticas culturales, religión, pluriculturalidad, educación y tanatología
Ricardo Contreras Soto y otros
444Las matemáticas de la ciencia regional
Andrés E. Miguel Velasco y otros
443Emprendedurismo, ciclo de vida, fortalezas y debilidades, responsabilidad social y vinculación de las empresas de Celaya
Analy de la Luz Rocha Álvarez y otros
442Economía de México y desarrollo sustentable
Ulises Castro Álvarez
441El uso de las TIC’s para disminuir la brecha de resultados en la PSU, entre establecimientos de la educación privada y municipalizada
Manuel Arturo Reyno Momberg
440Desafíos de la sociedad rural al despuntar el siglo XXI. Economía y política
Irma Lorena Acosta Reveles
439Planeamiento estratégico informático para el instituto de educación superior a las peruanas de Piura
Ricardo Gerónimo Seminario Vasquez
En la " Biblioteca de Tesis Doctorales"
Wilian de Jesús Aguilar CorderoEl Colegio de la Frontera SurMéxicoVIII-2008Toma de decisiones en la elección y adopción de opciones productivas en unidades domésticas de dos grupos de productores campesinos del Municipio de Hocabá, Yucatán, México
Jorge Alfredo Blanco Sánchez Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de MonterreyMéxicoVIII-2008 Usos, consumos y atributos que los jóvenes guanajuatenses otorgan a las tecnologías de información y comunicación
José Luis Hernández SuárezUniversidad Autónoma de ZacatecasMéxicoIV-2008 Perspectiva de la migración México-Estados Unidos. Una interpretación desde el subdesarrollo
Guillermo Hierrezuelo CondeUniversidad de MálagaEspaña21-VI-1999 La Autofinanciación de la Iglesia Católica y las demás confesiones religiosas en la libertad e igualdad religiosas
Angélica Cazarín MartínezEl Colegio de Tlaxcala A.C.México2008Los Factores de la Alternancia en Tlaxcala. 1991-2001
En la revista"Observatorio Iberoamericano del Desarrollo Local y la Economía Social" (Número 4)ISSN 1988-2483
Editorial
· Wendy Patricia Chávez Medin
o Políticas públicas para un desarrollo endógeno sustentable en países en desarrollo
· Rodrigo Loureiro Medeiros y José de Castro Ferreira Filho
o Finanças e inovação nos sistemas produtivos
· Daniela Feigelman
o Del plan de inclusión social al plan de integración económica
· Eugenio Eliseo Santacruz De León
o El diseño de políticas públicas para el desarrollo rural regional y el papel de las instituciones de educación superior
· Saimelyn Aileen Forteza Rojas, Carlos Manuel Vilariño Corella y Eva Perón Delgado
o Análisis cualitativo del impacto de la reconversión azucarera en la mujer rural. Experiencias de un consejo popular
· Zahily Mazaira Rodríguez, Francisco Becerra Lois e Iran Alonso Hernández
o Bienestar social y desigualdad del ingreso: diferentes enfoques para su medición
· Maximiliano Korstanje
o Ensayo sobre la pobreza y el placer en antigua Roma: el placer de ser pobre
· Carlos Nelson dos Reis y Aline Fátima do Nascimento
o Formas alternativas de economia solidária: desdobramento histórico e restrições impostas pela concorrência do mercado
· Ana Luz Ramos Soto
o Diagnóstico municipal: variable vivienda infraestructura social del municipio de San Miguel Mixtepec Oaxaca 2007
· Roberto F. Bertossi
o Responsabilidad social empresaria (y cooperativa en particular)
· Juan Luis Doménech y Mónica González-Arenales
o La huella ecológica aplicada a las empresas: resultados en el puerto de Gijón (2004-2007)
· Adolfo Carballo Penela, María do Carme García Negro Carlos Sebastián Villasante, Juan Luis Doménech y Mónica González-Arenales
o Desarrollo de la metodología empleada en la estimación de la huella ecológica de los recursos naturales
· Antonio Caselles Moncho, Manuel Carrasco Esteve, Alejandro Martínez Gascón, Sergi Coll Ribera, Juan Luis Doménech Quesada y Mónica González- Arenales
o La huella ecológica corporativa de los materiales: aplicación al sector comercial
· Elena Marañón, Giovanna Iregui, Juan Luis Doménech, Yolanda Fernández-Nava y Mónica González-Arenales
o La huella ecológica de los vertidos
· Pablo Coto Millán, Ingrid Mateo Mantecón, Juan Luis Doménech Quesada y Mónica González-Arenales
o La huella ecológica de las autoridades portuarias y los servicios
· Pablo David Álvarez Díaz, Juan Luis Doménech Quesada y José Antonio Perales Vargas-Machuca
o La huella ecológica energética corporativa
En la revista "Contribuciones a las Ciencias Sociales"ISSN: 1988-5245
· Sheina Leoni
o Características e importancia que presenta la autonomía para un alumno en educación a distancia
· José Mario Horcas Villarreal
o La Magia de los Cuentos en el Aula y en la Vida
· Raymundo Castillo Bautista
o Introducción a la web 2.0
· Manuel J. Peláez
o Tres hermanos juristas
· Marcelo Nunes Apolinário
o Política criminal de las sanciones alternativas a la prisión: criticas al discurso oficial
En la revista "Contribuciones a la Economía"ISSN 1696-8360
· Alfredo González Colunga
o ¿La era de la modelización?
· Camilo Herrera, Juan Diego Becerra y John Valles
o Economía, ¿hacia donde va el viento?
· Maryanne Monteagudo Sánchez y Liosdany Rodríguez Valle
o Surgimiento y desarrollo de la Economía como ciencia
· Raymundo Castillo Bautista
o Ciencia y pseudociencia
· Yoandris Sierra Lara
o Desarrollo Recurrente y Periódico en las Variables Funcionales del Modo de Producción Capitalista
o Ciclos Económicos en la Vida del Capitalismo
·
...