Escrito por Waldemar Rossi
07-Ago-2008 – Fonte: Correio da Cidadania
Recentes notícias vindas do universo dos sindicatos nos revelam que a disputa pela hegemonia sindical vem gerando peleguismo, entreguismo, adesão ao capital e violência contra companheiros de classe, dividindo e enfraquecendo a organização e as lutas dos trabalhadores.
Segundo notícias que nos chegam de São José dos Campos, no último final de semana (dia 1 de agosto), uma assembléia de trabalhadores de empresas da construção civil que prestam serviços à REVAP (Refinaria da Petrobras) - que se realizava na sede da Conlutas daquela cidade - foi invadida por cerca de 60 homens armados, alguns encapuzados, gritando e ameaçando os presentes, inclusive com tiros. Móveis da sede e três veículos do Sindicato dos Metalúrgicos foram depredados. Documentos relativos à fundação da associação daqueles trabalhadores foram roubados, tais como a ata e a lista de presença. Verdadeiro gangsterismo ressuscitado depois da triste era dos pelegos interventores nos principais sindicatos brasileiros.
Convém esclarecer que, segundo os mesmos informes, a Construção Civil da cidade tem sindicato de trabalhadores filiado à CUT, cuja ação negociadora da greve de 31 dias – 16 de maio a 16 de junho - foi rejeitada pelos trabalhadores, que criaram comissão de negociação própria. Pelos informes, o interesse de impedir a formação de uma associação dos trabalhadores das terceirizadas da Petrobras não interessa à CUT, às empresas e nem à própria Petrobras. Não por menos, a Petrobras e as empreiteiras vêm promovendo demissões em massa naquela unidade.
Por outro lado, as mesmas divergências vêm ocorrendo no âmbito nacional dos petroleiros. Existem duas entidades nacionais: Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada à CUT, e a Frente Nacional dos Petroleiros (FNP), formada por sindicatos que se desfiliaram da CUT em razão de sua adesão incondicional às políticas reformistas do atual governo. No caso das negociações com a Petrobras sobre os valores da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), a petroleira apresentou propostas diferenciadas para as duas entidades sindicais, sendo que para a FUP (CUT) os valores são mais baixos que os apresentados para a FNP.
Pelo fato de a FUP ter aceitado a oferta menor e a FNP defender a proposta mais vantajosa para os trabalhadores, a disputa atingiu seu auge na Baixada Santista, quando, em assembléia geral, militantes das duas entidades entraram em confronto que chegou à violência entre eles.
Infelizmente, inúmeros outros casos de verdadeiras guerrinhas vêm ocorrendo entre trabalhadores de outras categorias profissionais por este Brasil afora, quase que invariavelmente inspiradas pelas posições dos adesistas!
Enquanto as direções sindicais se dividem, enfraquecendo a organização e as lutas dos trabalhadores, a direita se unifica em seu projeto de criminalização do movimento social. De um lado, lutamos contra a perseguição ilegal, inconstitucional e violenta que vem sendo praticada pelo Ministério Público e a Brigada Militar do Rio Grande do Sul (com a conivência de sua governadora Yeda Crusius – PSDB) contra os trabalhadores do MST. De outro lado, o Ministério Público Federal apresentou denúncia contra oito lideranças do MST – pasmem! - tendo como base a "Lei de Segurança Nacional" da ditadura militar, lei que foi abolida com a Constituição de 1988.
Como já temos comentado em outros artigos, a direita (governadores e prefeitos) vai, progressivamente, aplicando a violência contra todo e qualquer movimento reivindicatório e de contestação às políticas governamentais anti-nacionalistas. É o capital nacional e principalmente internacional dando as cartas na política nacional. São os interesses das multinacionais como a Aracruz e tantas empresas estrangeiras que se apossam das terras brasileiras – unidas aos latifundiários nacionais -, com incentivo governamental, para a produção voltada às commodities. É a política cujo interesse é manter os altos juros para favorecer os grandes bancos. E assim por diante.
E o novo peleguismo, incrustado nas esferas do governo federal, se dispõe a impedir a unificação política e das lutas populares, unindo-se, assim, ao ataque do capital sobre os direitos dos trabalhadores, capital sem fronteiras que avança na guerra permanente do conflito ‘Capital x Trabalho’, impondo-nos derrotas históricas.
Porém, o fato de que existem lutas sinaliza que muitos não se deixam iludir; que a coragem e a determinação da classe trabalhadora não estão mortas; que a luta vai continuar e que nova ascensão das lutas populares irá em breve pipocar, pois toda repressão e dominação têm seus limites. E a paciência dos trabalhadores também.
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
07-Ago-2008 – Fonte: Correio da Cidadania
Recentes notícias vindas do universo dos sindicatos nos revelam que a disputa pela hegemonia sindical vem gerando peleguismo, entreguismo, adesão ao capital e violência contra companheiros de classe, dividindo e enfraquecendo a organização e as lutas dos trabalhadores.
Segundo notícias que nos chegam de São José dos Campos, no último final de semana (dia 1 de agosto), uma assembléia de trabalhadores de empresas da construção civil que prestam serviços à REVAP (Refinaria da Petrobras) - que se realizava na sede da Conlutas daquela cidade - foi invadida por cerca de 60 homens armados, alguns encapuzados, gritando e ameaçando os presentes, inclusive com tiros. Móveis da sede e três veículos do Sindicato dos Metalúrgicos foram depredados. Documentos relativos à fundação da associação daqueles trabalhadores foram roubados, tais como a ata e a lista de presença. Verdadeiro gangsterismo ressuscitado depois da triste era dos pelegos interventores nos principais sindicatos brasileiros.
Convém esclarecer que, segundo os mesmos informes, a Construção Civil da cidade tem sindicato de trabalhadores filiado à CUT, cuja ação negociadora da greve de 31 dias – 16 de maio a 16 de junho - foi rejeitada pelos trabalhadores, que criaram comissão de negociação própria. Pelos informes, o interesse de impedir a formação de uma associação dos trabalhadores das terceirizadas da Petrobras não interessa à CUT, às empresas e nem à própria Petrobras. Não por menos, a Petrobras e as empreiteiras vêm promovendo demissões em massa naquela unidade.
Por outro lado, as mesmas divergências vêm ocorrendo no âmbito nacional dos petroleiros. Existem duas entidades nacionais: Federação Única dos Petroleiros (FUP), ligada à CUT, e a Frente Nacional dos Petroleiros (FNP), formada por sindicatos que se desfiliaram da CUT em razão de sua adesão incondicional às políticas reformistas do atual governo. No caso das negociações com a Petrobras sobre os valores da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), a petroleira apresentou propostas diferenciadas para as duas entidades sindicais, sendo que para a FUP (CUT) os valores são mais baixos que os apresentados para a FNP.
Pelo fato de a FUP ter aceitado a oferta menor e a FNP defender a proposta mais vantajosa para os trabalhadores, a disputa atingiu seu auge na Baixada Santista, quando, em assembléia geral, militantes das duas entidades entraram em confronto que chegou à violência entre eles.
Infelizmente, inúmeros outros casos de verdadeiras guerrinhas vêm ocorrendo entre trabalhadores de outras categorias profissionais por este Brasil afora, quase que invariavelmente inspiradas pelas posições dos adesistas!
Enquanto as direções sindicais se dividem, enfraquecendo a organização e as lutas dos trabalhadores, a direita se unifica em seu projeto de criminalização do movimento social. De um lado, lutamos contra a perseguição ilegal, inconstitucional e violenta que vem sendo praticada pelo Ministério Público e a Brigada Militar do Rio Grande do Sul (com a conivência de sua governadora Yeda Crusius – PSDB) contra os trabalhadores do MST. De outro lado, o Ministério Público Federal apresentou denúncia contra oito lideranças do MST – pasmem! - tendo como base a "Lei de Segurança Nacional" da ditadura militar, lei que foi abolida com a Constituição de 1988.
Como já temos comentado em outros artigos, a direita (governadores e prefeitos) vai, progressivamente, aplicando a violência contra todo e qualquer movimento reivindicatório e de contestação às políticas governamentais anti-nacionalistas. É o capital nacional e principalmente internacional dando as cartas na política nacional. São os interesses das multinacionais como a Aracruz e tantas empresas estrangeiras que se apossam das terras brasileiras – unidas aos latifundiários nacionais -, com incentivo governamental, para a produção voltada às commodities. É a política cujo interesse é manter os altos juros para favorecer os grandes bancos. E assim por diante.
E o novo peleguismo, incrustado nas esferas do governo federal, se dispõe a impedir a unificação política e das lutas populares, unindo-se, assim, ao ataque do capital sobre os direitos dos trabalhadores, capital sem fronteiras que avança na guerra permanente do conflito ‘Capital x Trabalho’, impondo-nos derrotas históricas.
Porém, o fato de que existem lutas sinaliza que muitos não se deixam iludir; que a coragem e a determinação da classe trabalhadora não estão mortas; que a luta vai continuar e que nova ascensão das lutas populares irá em breve pipocar, pois toda repressão e dominação têm seus limites. E a paciência dos trabalhadores também.
Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.
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