terça-feira, 26 de agosto de 2008

PORTUGAL: O monumental embuste…

25-Ago-2008 – Fonte: Esquerda.Net

A rentrée do primeiro-ministro está a revelar-se um monumental embuste. O seu anúncio de 1.200 novos postos de trabalho num call center da PT constitui um autêntico bluff: só se concretizarão em 2009, ano de eleições, e serão contratos precários, através de uma empresa de trabalho temporário da própria PT - A PT Contact.
Encerrar serviços em Lisboa, despedindo aqui para empregar ali, deslocalizando-os para Santo Tirso. A PT mais do que criar emprego, o que faz é reduzir custos, pois apenas vai substituir trabalhadores por outros trabalhadores.
A PT tem 30 "call centers", sendo que 80% se concentram em Lisboa e no Porto. As ilegalidades são mais do que muitas e a própria Inspecção de Trabalho já levantou inúmeros processos, mas as ilegalidades e as situações de impunidade continuam, pois os trabalhadores estão vários anos a trabalhar nos call-center, mas sem nunca pertencerem ao quadro da PT.
Demagogia para ver na TV, num aproveitamento lamentável de quem está a sofrer com um dos maiores dramas sociais, a precariedade e o desemprego.
A criação de 150 mil empregos lamentavelmente mais longe...
Mas o primeiro ministro revelou que a demagogia não tem limites, na sua deslocação a Santo Tirso aproveitou também para anunciar que já foram criados 133 mil empregos líquidos desde Março de 2005 e manifestou-se confiante no cumprimento da meta de criação de 150 mil novos postos de trabalho até final da legislatura. Um embuste monumental...
É lamentável que se manipule dados para fins eleitorais em prejuízo dos que não têm trabalho, quando se sabe que o governo Sócrates tomou posse a 12 de Março de 2005 e portanto os empregos criados no seu consulado, ou seja a partir do segundo trimestre de 2005, foram 86 mil empregos líquidos.
O desemprego continua elevado - 7,3 por cento, segundo os últimos dados do INE, mais de 400 mil continuam no desemprego. A precariedade continua a acentuar-se atingindo 1,8 milhões de trabalhadores.
O que foi escondido é que, neste momento, mais de 100 mil desempregados estão em formação profissional remunerada e, por isso, não são considerados desempregados à luz dos critérios usados pelo Instituto Nacional de Estatística, A serem contados como desempregados, a taxa subiria para cerca de 9%.
O desemprego e a precariedade são dois dramas sociais que necessitam de uma resposta séria e que não se compadecem com as manipulações do governo PS.
O código de trabalho de Vieira da Silva também não ajudará à sua resolução, o governo sabe isso. Aprofundar a luta social e mais respostas políticas à esquerda colocam-se como fundamentais para romper com as políticas liberais que Sócrates teima em nos tentar impingir.

José Casimiro

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