segunda-feira, 9 de junho de 2008

Movimentos sociais decepcionados com reunião da FAO

Cerca de 900 representantes internacionais de camponeses, pescadores, pastores e povos indígenas e ainda ONG expressaram a sua decepção pelos escassos resultados da Conferência sobre Segurança Alimentar da ONU em Roma. Durante o mesmo período, os movimentos sociais celebraram o seu próprio fórum "Terra Preta" para expressar as suas reivindicações para se alcançar a soberania alimentar e o direito à comida
para os milhões de pessoas que passam fome no mundo.
"A declaração final não chegará a lado nenhum. As recomendações de mais liberalização provocarão mais violações do direito à alimentação" criticou Maryam Rahmanian da organização iraniana CENESTA."As organizações da sociedade civil estão alarmadas com as recomendações da nova Força da ONU sobre a Crise Alimentar, formada por agências das Nações Unidas, o Banco Mundial e o FMI. (...) esta recomendou abrir mais os mercados do sul, subvencionar as importações de alimentos com ajuda ao desenvolvimento e uma nova Revolução Verde. Essas soluções (...) seriam um obstáculo sério para a soberania alimentar do sul global", referiu.
"As reivindicações dos movimentos sociais de mais protecção e apoio aos produtores de pequena escala sustentável, de reforma agrária e de medidas concretas contra a especulação financeira, foram totalmente ignorados pelos governo, afirmou Herman Kumara do Fórum Mundial dos Pescadores, Sri Lanka. "É uma grande decepção que os governos não reconheçam que a crise actual é resultado de décadas de ajuste estrutural que violou sistematicamente o direito à alimentação, disse Flavio Valente da FIAN Internacional. "Este é um passo atrás. Em 2004, todos os estados membros da FAO adoptaram o direito à alimentação".
"É uma vergonha que alguns governos não impeçam as companhias internacionais processadoras de sementes, grãos e alimentos de aproveitar a crise alimentar para aumentar os seus benefícios", expressou Dena Hoff, da Coligação dos Agricultores Familiares dos EUA, membro da Via Campesina. "No primeiro trimestre de 2008, os benefícios da Monsanto aumentaram cerca de 108%, enquanto que a Cargill registou um aumento de 86%. Uma nova Revolução Verde e mais ajuda em alimentos ajudarão essas empresas, mas não serão nenhuma solução para os mais pobres e esfomeados".
Fonte: esquerda.net

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