Gostaríamos de agradecer a todos que manifestaram sua solidariedade com nosso Movimento, e contribuíram para denunciar o atentado contra a democracia promovido pelos setores reacionários do país. O anúncio do arquivamento da CPI contra o MST é um sinal do isolamento da bancada ruralista, representada pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), os deputados federais Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Assustados com o anúncio da atualização dos índices de produtividade, tentaram fugir do debate sobre a viabilidade do agronegócio.
O Censo Agropecuário 2006, divulgado nesta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), comprova o que vínhamos denunciando: a concentração da terra aumentou no Brasil nos últimos 10 anos. Nosso país tem que lidar com o absurdo de possuir 46% de suas terras dominadas pelo latifúndio, propriedades com mais de mil hectares. O IBGE demonstra que as propriedades com menos de 10 hectares controlam apenas 2,7% do território do Brasil. Esse é o resultado do modelo do agronegócio: grandes empresas transnacionais se apropriam da maioria das nossas terras, controlando a produção e o comércio de grãos e commodities, na mesma medida em que controlam nossos recursos naturais.
E a perversidade segue: mesmo controlando a maior parte do território e utilizando veneno em larga proporção – o estudo mostra que 56% dos estabelecimentos usam agrotóxicos sem nenhum critério ou controle – não é o agronegócio o responsável pelo alimento que chega à mesa do trabalhador brasileiro. É a agricultura familiar a responsável por 85% da produção de todos os alimentos. E é nela que trabalham 85% das pessoas no campo.
Então nos perguntamos: com base nesses dados como justificar que o agronegócio receba 43,6% dos recursos públicos para a produção? Por que os ruralistas têm tanto medo em cumprir a lei que determina a atualização dos índices de produtividade?
Porque eles não querem assumir a falência do seu modelo, que concentra terra, expulsa os trabalhadores do campo, não produz alimentos, abusa dos venenos, degrada o meio ambiente e alimenta os cofres das transnacionais. Insistimos na necessidade de se pensar um outro modelo para a agricultura brasileira.
Seguiremos em luta no combate ao agronegócio, para retomar a necessidade de uma Reforma Agrária massiva, popular, que possa impedir a concentração da propriedade da terra, priorize a produção de alimentos saudáveis para toda a sociedade, democratize a educação e estimule a população a permanecer no meio rural, com qualidade de vida.
Fortalecidos com o apoio das mais de quatro mil pessoas que assinaram o manifesto, nos comprometemos a continuar, como fazemos nos últimos 25 anos, na luta por uma sociedade justa. Sabemos que não estamos sozinhos e, por seu apoio, que estamos no caminho certo.
Secretaria Nacional do MST
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